Na história da humanidade tivemos grandes pensadores que revolucionaram o mundo, como Jesus Cristo, líder espiritual do Cristianismo, e Sócrates, filósofo grego (399 a.C). Ambos foram pessoas (Jesus Cristo é considerado também uma divindade) que trouxeram ideias inovadoras ao mundo, em contraposição a tudo que se conhecia. Jesus Cristo e Sócrates viveram em épocas e locais diferentes, mas, em comum, foram condenados à morte por causa das ideias que pregavam, que contrariavam o interesse das oligarquias e dos governos de então. É fácil perceber que na atualidade pouco se cria em termos de ideias e praticamente tudo se copia.
Pensamentos ou projetos universais em favor do bem comum estão em falta. Criar pensamento novo é sair daquilo que está padronizado ou estabelecido, como fizeram Jesus Cristo e Sócrates, difundindo ideias próprias, éticas e nobres. Comumente quem pensa diferente do usual pode encontrar resistência e tornar-se alvo de crítica ou de ataque, porque, em regra, o “prato está pronto”, ou seja, quem o preparou não quer que seja “mexido”.
A indagação é: queremos “prato pronto”? O fenômeno da massificação (padronização de valores e costumes a um grande número de pessoas, com a retirada de características próprias) é uma espécie de “prato pronto”, algo que já está confeccionado e a discussão sobre determinado assunto está proibida ou restrita a um grupo determinado, que pensa da mesma forma.
Necessário entender, todavia, que o pensar diferente é imprescindível para a evolução do ser humano. Se todos gostassem das mesmas coisas, como seria o mundo? Se não houvesse divergência e pluralismo de ideias, por exemplo, na política ou no esporte, como seria a sociedade? Se todos pensassem igual, não teria mais o que se aprender ou evoluir.
Lembremos, por exemplo, de grupos que se fecham em ideias e para a finalidade de suas formações, mas não aceitam sugestões ou críticas, por se rotularem “donos da verdade”. Isso dificulta a criação de novas ideias ou a diversificação de pensamento. Será, porém, que não existem novas ideias
ou projetos para aprimorá-los, ou se parte da premissa de que já se sabe tudo, tornando-se inconveniente ou inimigo quem pensa diferente? É o fenômeno crescente da radicalização ou da arrogância se sobrepondo a moderação.
O problema é que, em geral, “verdades prontas” ou a criação de rótulos – desqualificar o adversário porque pensa diferente, têm origem em pessoas despreparadas ou com interesses próprios, não voltados ao bem comum. Torna-se, ainda, uma fonte de litígio e de polarização.
Pensamentos “congelados”, assim, não geram evolução e são inflexíveis. Enfim, é preciso ter consciência de que conduta moderada não pode ser substituída pelo radicalismo, e a liberdade para a exposição de novas ideias ou pensamentos é imprescindível para a evolução do indivíduo e da humanidade. Caso contrário, ficaremos na mesmice ou no “copia e cola”.
*Adelmo Pinho é promotor de justiça em Araçatuba e articulista do RP10