Na parte I, do livro “O Expresso Sócrates”, do escritor Eric Weiner, jornalista premiado e autor best-seller do The New York Times, ele aborda o assunto, título desta crônica: “como sair da cama”, citando o imperador romano e filósofo Marco Aurélio. Segundo a história, Marco Aurélio preferia ficar na cama de manhã, pensando no que teria que enfrentar durante o dia, para efetivamente exercer suas atividades à tarde.
Weiner narra que o filósofo alemão Nietzsche acordava na primeira hora do dia, enquanto o filósofo prussiano Immanuel Kant despertava às 05 horas da manhã. Evidente que cada ser humano, famoso ou não, possui o seu “relógio biológico” e a sua maneira de despertar. No mundo ocidental contemporâneo, principalmente em países capitalistas, acordar de manhã tornou-se uma obrigação, sob o fundamento de que é necessário para o dia render mais, se ter mais oportunidades e ganhar mais dinheiro. Como diz a conhecida máxima: “Deus ajuda, a quem cedo madruga”.
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O sono, que precede o despertar, é imprescindível ao ser humano; sem o sono, ninguém conseguiria sobreviver, mas dormir muito também não é saudável. Uma primeira indagação que pode ser feita sobre o “levantar”, é se a pessoa pode sair da cama ou se está impedida de fazê-lo por alguma doença, incapacidade ou pela velhice.
Não sendo essa a situação, se pode sair da cama, porque está fisicamente apta, vem a segunda indagação: A pessoa pode, mas quer sair da cama? Nesse sentido, não se trata de o simples levantar-se ou se colocar fisicamente de pé, mas sair da cama significa enfrentar os problemas diários que a vida impõe, lidar com gente chata e maldosa, correr risco no trânsito, ser potencial vítima de um crime, trabalhar num ambiente tóxico …
Por outro lado, se a pessoa sai da cama, é porque tem propósito ou motivo para tanto, como: achar que a vida é boa e vale a pena; que existe gente importante para se conviver, como familiares e amigos; que é prazeroso manter contato com animais e com a natureza… Enfim, algo a move a tanto. Existem pessoas que ao acordar e antes de levantar se tornam naturalmente filósofas, pensando nos problemas do mundo, no comportamento humano ou se põem em oração para o seu Deus ou Divindade, para que o dia seja bom e feliz.
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Há pessoas, porém, que não conseguem sair da cama, mesmo que aptas fisicamente, porque não têm motivação ou estão doentes, depressivas. A cama, nesse contexto geral, pode ser um refúgio, um “porto seguro” ou um espaço de relaxamento e de paz. Enfim, o que parece simples e que fazemos todos os dias – “sair da cama”, pode ser visto de diversas maneiras pelo ser humano, sendo algo fácil para a grande maioria das pessoas, mas difícil ou até impossível para muitos.
*Adelmo Pinho é promotor de justiça em Araçatuba e articulista do RP10