O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, está sendo acusado de assédio sexual por várias funcionárias do banco público. Após se unirem e denunciarem a suposta conduta do chefe máximo da instituição às autoridades, no final do ano passado, a segurança das funcionárias é motivo de temor.
A notícia foi publicada no final da terça-feira (28) pelo portal de notícias Metrópoles, que divulgou as gravações com as acusações. Várias mulheres, de acordo com a reportagem, foram ao Ministério Público Federal e fizeram os mesmos relatos, que seguem em sigilo.
O MPF estaria instalando um procedimento de investigação a respeito dos episódios. “São fatos estarrecedores sendo divulgados”, aponta o presidente da Presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae). “Pedimos que haja uma apuração rigorosa e o afastamento imediato de Pedro Guimarães por que não é possível ter uma apuração dos fatos com ele no comando”, destaca, em entrevista ao Jornal Brasil Atual.
Takemoto ressalta a necessidade de proteção das funcionárias que denunciaram Pedro Guimarães. “Estamos muito preocupados com a segurança das pessoas que estão envolvidas e é realmente lamentável que ocorra isso nos dias de hoje”, pontua, dizendo ainda que a questão do assédio sexual já havia aparecido em consultas junto a trabalhadores do banco.
“Na Fenae, fizemos recentemente uma pesquisa sobre saúde e um dos fatos que chamou atenção em nossa pesquisa, além do assédio moral, o assédio sexual também apareceu e ficamos muito preocupados com o ambiente que está sendo vivenciado na Caixa hoje. Sem dúvida há necessidade de proteção das pessoas e a Fenae, junto com outras associações, está se colocando à disposição das pessoas para que tenham acompanhamento e sejam acolhidas.”
O presidente da Fenae reforça que é preciso aprimorar o canal de denúncias e as políticas voltadas para coibir e punir casos de assédio sexual. “Nós já temos no nosso acordo coletivo com a Caixa o estabelecimento de um canal de denúncias, mas sabemos que é muito difícil qualquer pessoa denunciar uma chefia ou seu superior. Principalmente se tratando do cargo mais alto de uma empresa”, afirma.
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Luta contra o assédio na Caixa e nos demais bancos
O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região afirmou, em nota, que as denúncia desta terça-feira (28) precisam ser investigadas a fundo.
“É imprescindível a instauração de investigação e, se confirmadas as denúncias, que condutas abomináveis como essas não fiquem impunes. A luta contra o assédio sexual e moral faz parte de uma política permanente do Sindicato, com reivindicações que intensificam a luta, dentro dos bancos, contra o machismo e racismo institucional e assédio sexual e moral, com normas e condutas rígidas”, diz a entidade.
O Comitê Popular de Luta e Defesa da Caixa também manifestou repugnância em relação aos fatos noticiados. “O Comitê se solidariza com as empregadas vítimas dessa prática inaceitável e doentia e as parabeniza pela coragem de denunciar os fatos, que seguem em investigação pelo Ministério Público”, diz comunicado divulgado há pouco pelo coletivo.
“É imperativo que os órgãos de controle interno e externos da Caixa, bem como a Justiça, não se omitam e apurem os fatos com rigor, isenção e prestem proteção às empregadas envolvidas. Se confirmado, o triste episódio se soma a vários outros já conhecidos, públicos e notórios. São marcas de um governo e de uma gestão da Caixa autoritários e misóginos. E que tratam a coisa pública, inclusive o servidor público, como propriedade sua”, afirma o comitê. “Nunca, em 161 anos de existência, os empregados e a Caixa foram tão atacados e humilhados.”
Bolsonarista convicto
Defensor das privatizações desde sua nomeação como presidente da Caixa, Pedro Guimarães é um auxiliar muito próximo do presidente da República, Jair Bolsonaro. Tanto que o acompanha em grandes eventos pelo país afora. Além disso, costuma falar como autoridade governamental em suas incursões em eventos públicos. A indicação para o posto partiu do ministro da Economia, Paulo Guedes, em razão da identificação com sua cartilha ultraliberal.
Em uma confraternização de final de ano, chegou a constranger gerentes e lideranças da instituição a fazerem flexões comandados por um general. E ainda a darem cambalhotas acompanhados por uma ginasta profissional. Acionado por entidades sindicais, Guimarães foi notificado pelo Ministério Público do Trabalho por submeter os empregados a situações de constrangimento.
Em 2018, uma revista semanal divulgara que o “forte do novo presidente da Caixa, Pedro Guimarães, não é o autocontrole”. Segundo a revista, o executivo chegou a machucar uma colega de Santander durante uma festa de fim de ano. “Acabou demitido.”