Os resultados desagregados da pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (23) mostram uma divisão de classe entre os eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Lula atinge sua melhor marca entre quem se declarou desempregado: 62% declaram voto no petista entre esse público, que compõe 9% da amostra de entrevistados pelo instituto. Por outro lado, Bolsonaro lidera entre os empresários (4% dos entrevistados), com 43% de intenções de voto.
O petista também tem larga vantagem entre quem ganha até dois salários mínimos, faixa de renda mais baixa na metodologia do Datafolha, marcando 56%, nove pontos percentuais acima de seu resultado geral, de 47%. Já Bolsonaro marca apenas 22%, seis pontos abaixo dos 28% que registrou.
Esse público representa 52% da amostra populacional entrevistada pelo instituto e é o mais atingido pela crise econômica, sofrendo mais com o alto desemprego, queda de renda e com a alta inflação, especialmente de alimentos. Da mesma forma, Lula tem vantagem entre os menos escolarizados, vencendo também por 56% a 22% de Bolsonaro.
A tendência se inverte conforme se sobe na pirâmide de renda do país. Bolsonaro tem seus melhores resultados nas duas faixas mais ricas da amostra da pesquisa. Entre aqueles que ganham entre 5 e 10 salários mínimos, o presidente tem 44% de intenções de voto. Ele vai ainda melhor entre os que ganham mais de 10 mínimos, com 47%. Os dois segmentos somados representam 11% da população.
Essa divisão não é novidade, e já foi registrada na última rodada da pesquisa Quaest, divulgada no início de junho. Segundo o levantamento, os mais ricos se dividiam entre o ex-presidente (36%) e o atual (43%). Mas os pobres (até dois salários mínimos) tinham uma maior preferência por Lula (56%) do que por Bolsonaro (22%) — resultado numericamente idêntico ao do Datafolha.
Nordeste x Centro-Oeste
Em termos regionais, Lula mantém larga dianteira no Nordeste, segunda região mais populosa do país (27% dos eleitores), onde derrota Bolsonaro por 58% a 19%.
Já o presidente vai melhor no Centro-Oeste, fortemente influenciado pelo setor do agronegócio em termos econômicos e culturais, onde lidera com 40% das intenções de voto.
No Sudeste, região mais populosa e decisiva do país, com 42% da população, Lula vence Bolsonaro por 43% a 29%, não muito distante do resultado global da pesquisa.