Na última semana, tratamos dos maiores alvos das notícias falsas relacionadas à eleições (para ver a lista, clique aqui). Hoje, vamos falar de cinco elementos que já conseguimos identificar na desinformação relacionada ao pleito de 2022.
Desde o início do ano, já desmentimos mais de 115 fake news sobre o processo eleitoral. Com base no que já checamos, podemos ter um diagnóstico do que virá de agora até outubro deste ano.
1) Infelizmente, o processo eleitoral vai ser, novamente, atacado à exaustão
Histórias falsas sobre fraudes nas urnas eletrônicas, impedimento por parte do TSE de registro de idosos e sobre os próprios ministros do STF mostram que, infelizmente, simpatizantes mais radicais do presidente Jair Bolsonaro tendem a atacar o processo eleitoral com fake news.
É importante lembrar que, até o momento não há qualquer prova de que haja fraude no processo eleitoral brasileiro. Ou seja: a desinformação sobre o tema não passa de uma perigosa retórica política utilizada por este espectro. Temos alguns exemplos sobre o assunto aqui:
2) Fake news têm tentado minimizar resultados de pesquisas eleitorais
Outra retórica utilizada por bolsonaristas tende a atacar as pesquisas eleitorais. Como os números colocam Lula em primeiro lugar (em alguns casos como vencedor no primeiro turno), o que não tem faltado são notícias falsas sobre a qualidade ou idoneidade dos levantamentos.
Uma das estratégias utilizadas para apontar (de forma errônea) que as pesquisas “estão erradas” é a do “datapovo”. Vídeos, muitas vezes compartilhados fora de contexto, estão circulando com mensagens que apontam que seriam a prova de que pesquisas estão erradas. Só faltam duas coisas: 1) Apontar que um vídeo é de um recorte polarizado (ao contrário das pesquisas) não aponta para um todo. 2) Acertar o contexto das histórias em muitos casos. Exemplos de fake news:
3) TikTok e Kwai viraram ferramenta para criação de fake news
Uma das novidades em termos de desinformação nas eleições de 2022 será o uso de redes sociais “chinesas” como, por exemplo, o TikTok, o Kwai e o Helo, como ferramenta para disseminação de desinformação. Mais do que isso: funcionalidades como a dublagem também estão sendo utilizada que vídeos sejam retirados de contexto.
Como já falamos neste A Semana em Fakes, é importante que ficamos atentos não só a vídeos bombásticos em si. Se eles tiverem um “selo” de uma rede social chinesa, a chance de ele ser falso é considerável. Veja alguns exemplos de fake news aqui:
4) Temas sensíveis e religião voltam a tomar conta do debate
Ainda há um movimento tímido (pelo menos em comparação com a “mamadeira de piroka de 2018”) relacionado as fake news que tratam de temas sensíveis e religião. Porém, é provável (para não dizer “certo”) que histórias falsas feitas para angariar conservadores “inocentes” vão surgir por aí. Já temos alguns aperitivos, que podem ser vistos abaixo:
5) Novamente, fake news clássica do “voto nulo” não irá circular
Até 2016, uma das notícias falsas que mais circulavam em tempos de eleições era a que apontava que a votação seria anulada se 51% dos votos do pleito fossem nulos. Em 2018, essa fake news “sumiu do mapa”. Em 2022, o mesmo deve acontecer. O importante disso é a resposta para o “por que”.
A resposta é simples. Para o grupo que mais espalha notícias falsas, promover algo que incentive o “não-voto” não é algo estratégico. Em tempos de fake news polarizadas, o que menos algumas pessoas querem é que o voto nulo seja “patrocinado” (seja por informações reais ou falsas).
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Desde o início de 2021, o Boatos.org promove a seção “A Semana em Fakes”, com análises sobre assuntos relacionados a fake news. O conteúdo é aberto para republicação em veículos de mídia. No momento, publicamos o conteúdo no Jorn., Portal Metrópoles, Portal T5, Conexão Marília, O Anhanguera e RP10 (caso tenha interesse, entre em contato com o Boatos.org para saber as condições). Para ver todos os textos da seção, clique aqui.