“Temos um presidente, um governo, que acredita em Deus, respeita os militares, defende a família brasileira e deve lealdade a seu povo”, definiu a si mesmo Jair Bolsonaro (PL) em discurso durante a 28ª Marcha para Jesus na capital paranaense, neste sábado (21). Chamando “o povo brasileiro” de “nosso exército”, Bolsonaro afirmou que “só Deus” o tira da cadeira presidencial.
A ida do presidente à Curitiba foi articulada por pastores evangélicos, entre os quais Silas Malafaia, e pelo líder do governo na Câmara dos Deputados, o paranaense Ricardo Barros (PP). A participação na Marcha para Jesus faz parte de uma agenda oficial que inclui outros grandes eventos evangélicos similares, como um que deve ocorrer em Manaus (AM) no próximo sábado (28) e outro em Cuiabá (MT) em junho.
Ao lado do presidente no carro de som, estava o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Júnior (PSD). Ele afirmou publicamente que apoiará Bolsonaro nas eleições presidenciais se seu partido permitir. Aval que, pelos acenos dados por Gilberto Kassab, o presidente do PSD, provavelmente virá.
Fazendo referência algumas vezes ao que vagamente chama de “sua missão”, Bolsonaro também manteve a marca de mensagens dúbias no mesmo discurso. Afirmando, a cinco meses da eleição presidencial, que quem pode tirá-lo do cargo é Deus e não o pleito, ele reiterou ser democrata.
“E é dever meu, como chefe do Executivo, fazer com que todo aquele que estiver fora das quatro linhas da Constituição, venha para dentro da mesma”, apontou, sem mencionar o nome do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
A fala acontece cinco dias depois que Bolsonaro apresentou ao STF uma notícia-crime acusando o ministro de abuso de autoridade no chamado “inquérito das fake news”. Em 24 horas, o pedido foi rejeitado. Ano passado, também sem sucesso, Bolsonaro pediu o impeachment de Alexandre de Moraes.
Entre a extensa lista de embates do presidente com o Supremo, que tem em Moraes o alvo principal, está o caso do deputado federal e ex-policial militar Daniel Silveira (PTB). Condenado pelo STF por ameaças à democracia e incitação à violência, Silveira recebeu o perdão da pena de prisão por parte do presidente. Decisão tomada, segundo Bolsonaro, em defesa da liberdade.
A palavra foi evocada também em seu discurso durante a Marcha para Jesus, direcionada a um público majoritariamente vestido de verde e amarelo.
“Todos nós daremos a nossa vida pela nossa liberdade. Esse é o bem maior de um país que se diz democrático. Essa é a razão maior de nós lutarmos pelos nossos objetivos. A liberdade é mais importante que a própria vida”, disse Bolsonaro.
De acordo com pesquisa da Genial/Quaest divulgada no último dia 11, Jair Bolsonaro lidera nas intenções de voto do eleitorado evangélico. Entre os fiéis, 47% dizem pretender votar no atual presidente e 30% em Lula (PT). Já entre os católicos, o petista sai na frente, com 53%, contra 27% dos entrevistados que dizem preferir Bolsonaro.