Já tive vários nomes. Se me comparar aos meus cômpares, sou jovem. A história do meu descobrimento e colonização nem sempre é contada de forma verídica ou é feita de maneira romântica. Com relação a isso, milhares de mortes presenciei, que poderiam ter sido evitadas. Grande parte do meu povo nativo foi exterminado ou pelo menos vilipendiado em seus costumes e tradições, sob o pretexto do meu progresso.
Sou cosmopolita e talvez o maior acolhedor de outros povos; e o faço sem interesse. Não discrimino quem recebo em meus longos braços por questões relacionadas à cor, raça, etnia, ideologia ou religião. Sou pai e mãe de toda e qualquer família, desde que constituída no amor e no respeito. A corrupção é um mal que me estagna, denigre e me machuca.
Amo como filhos os Poderes e as Instituições Constituídas de minha República, mas sofro e choro quando seus membros me desonram, levando-me ao descrédito. A Constituição da República Federativa leva o meu nome e deve ser interpretada para o bem comum. A política me fortalece, mas a politicalha me tira as forças.
Sou nacionalista e defendo os interesses do meu povo nos limites do meu território, mas minha relação com meus vizinhos é norteada pela ética, respeito e reciprocidade. Sou altivo, minha soberania é intocável e não me curvo a ninguém. Sou fiel ao meu povo. Chamam-me de “Pátria Amada”, cantam meu nome, mas muitas vezes me traem e aprendo com isso.
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Sou pacífico, não gosto de guerra e não apoio quem a promova. Prezo pelas minhas florestas, pelos meus rios e mares. Quero progredir de forma sustentável e madura, sem a destruição do meio ambiente que me mantém vivo. É que tenho responsabilidade com as futuras gerações … Meu nome e minha bandeira me identificam, mas fico triste quando são usados com fim diverso ao do civismo.
Acredito na educação como fonte transformadora, que faz a diferença para o meu crescimento e para o bem do meu povo. Enfim, mesmo em meio aos tropeços e percalços, cresço porque a maioria do meu povo é honesta e trabalhadora. Sonho sim, com um futuro melhor, em que eu seja mais respeitado e honrado, mas não somente idealizado, como em “A República” de Platão. Nunca perco a fé ou a esperança! Meu nome é Brasil!
*Adelmo Pinho é promotor de justiça em Araçatuba e articulista do RP10