Apesar de ter tomado todas as doses da vacina tríplice viral, que protege contra o sarampo, caxumba e rubéola, uma criança de sete anos, de Araçatuba, foi diagnosticada com caxumba. É possível contrair a doença mesmo estando vacinado? Sim, tanto é possível que o município já registrou três casos da infecção viral este ano e está intensificando as campanhas de vacinação e conscientização.
Isso ocorre porque a vacina, embora seja a única forma de controlar a incidência da doença, tem eficácia de 80% para quem tomou as duas doses da tríplice viral. A eficácia cai para 60% no caso de apenas uma dose do imunizante, explica a médica infectologista Heloysa Liberatori Gimaiel, da Secretaria Municipal da Saúde de Araçatuba. A eficácia depende do sistema imunológico de cada um, assim como das condições clínicas e faixa etária.
Ela explica que, mesmo que se tenha o calendário vacinal completo, há o risco de qualquer pessoa contrair a doença, porque o vírus continua circulando, por isso, quanto mais pessoas vacinadas, maior a proteção para a população. A médica destaca que, se toda a população estiver vacinada, é possível criar uma barreira de proteção para os 20% mais vulneráveis a desenvolverem a doença, levando em consideração a eficácia de 80% para quem tomou as duas doses do imunizante.
Cobertura vacinal abaixo do ideal
Em Araçatuba, 93% das crianças menores de dois anos tomaram a primeira dose da tríplice viral e 82% tomaram a segunda dose, enquanto que o ideal seria uma cobertura vacinal de 98%, segundo a infectologista.
A primeira dose da vacina tríplice viral deve ser administrada aos 12 meses de idade e a segunda, entre os 15 e 24 meses de vida. Há indicação também para mulheres de 12 a 49 anos e homens até 39 anos que não tiverem comprovação de vacinação anterior, segundo o PNI (Plano Nacional de Imunização).
No caso da caxumba, sua incidência depende da cobertura vacinal – quanto maior a cobertura, menor o número de casos -, e também da sazonalidade, já que é mais comum nos meses mais frios do ano, no outuno e inverno.
Transmissão e sintomas
A caxumba é causada por um vírus transmitido por meio de gotículas, pelas vias aéreas respiratórias. O período de incubação (tempo que o vírus fica no organismo sem se manifestar) é de duas semanas. A transmissão pode ocorrer até sete dias antes do início dos sintomas e até nove dias após, segundo Heloysa.
Os sintomas mais característicos são inchaço e dor nas laterais do pescoço, logo abaixo do maxilar. Isso porque o vírus da caxumba provoca inflamação nas glândulas responsáveis pela produção de saliva, principalmente nas parótidas. A infecção provoca febre e prostração.
O repouso é fundamental para que o organismo se recupere, assim como a hidratação. “Pode haver desidratação porque o paciente tem dor e não consegue engolir, tendo dificuldade para comer e tomar água”, observou.
Como é transmitida por um vírus, a doença não tem tratamento, apenas para os sintomas, como febre e dor. A médica ressalta que é fundamental buscar atendimento especializado porque pode-se pensar em outros diagnósticos.
Casos isolados
Em relação aos três casos registrados em Araçatuba este ano, a chefe da Vigilância Epidemiológica, Priscila Cestaro, explica que não se trata de um surto, caracterizado quando ocorrem vários casos em um mesmo local, seja sala de aula ou bairro. Os notificados na cidade ocorreram em áreas diversas.
A médica infectologista observa que, pelo fato de as crianças terem ficado afastadas da escola por causa da pandemia, é preciso redobrar os cuidados, porque as doenças respiratórias tendem a voltar.
Em razão disso, ela reforça a importância da vacinação para evitar episódios como o da caxumba. Os pais devem verificar a carteira de seus filhos e levá-los a uma UBS (Unidade Básica de Saúde) para completar o esquema vacinal.