O resultado das pesquisas eleitorais desta semana, divulgadas na quarta-feira (6) pela Genial/Quaest e pela XP/Ipespe, dividiu cientistas e comentaristas políticos. O real impacto da saída do ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) da corrida eleitoral gerou divergências entre os analistas.
Sem Moro na disputa, Bolsonaro apareceu crescendo 5 pontos percentuais na Genial/Quaest e 4 pontos percentuais na XP/Ipespe. Nos dois levantamentos, Lula apresenta estabilidade na liderança, enquanto os outros pré-candidatos não apresentaram crescimento ou queda substancial.
O cientista político Wagner Romão, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ouvido pelo Brasil de Fato, e o comentarista José Luiz Portella, do Uol, simbolizam as duas visões sobre o resultado das pesquisas. O primeiro disse não ver chances de que a disputa pode ser decidida no 1º turno, enquanto o segundo disse que a chance é “grande e factível”.
Romão aponta que “ainda é cedo para falar da decisão da fatura dessas decisões no 1º turno”. Portella, por sua vez, aponta que o crescimento da taxa de brancos e nulos pode favorecer Lula, que segue muito próximo de chegar a mais de 50% dos votos válidos.
“Não acredito em disputa decidida no 1º turno”
Na visão de Romão, a migração dos votos de Moro para Bolsonaro “é natural”. O cientista político aponta também que as candidaturas de médio-porte, como as de Ciro Gomes (PDT) e de João Doria (PSDB) – ou alguma outra da terceira via – devem evitar que Lula conquiste a vitória sem que haja um 2º turno.
“Já era esperado que os votos que estavam organizadas em torno da figura do Moro migrassem, em sua maioria, para a candidatura de Bolsonaro. Embora tenha havido uma briga intensa entre os dois, o eleitorado lavajatista se articulou ao eleitorado mais conservador e autoritário que teve Bolsonaro como intérprete em 2018”, disse.
“Como acho que a intensidade da disputa entre Lula e Bolsonaro só vai crescer. Penso que ainda é cedo para falar da decisão da fatura dessas decisões no primeiro turno. É muito difícil que Lula consiga agregar mais votos do que já tem. Não acho que vai haver nenhuma desistência daqui até as eleições diferente do que está colocado. O que pode haver é a unificação de candidaturas do PSDB, MDB e União Brasil”, afirmou Romão.
“Brancos e nulos podem dar vitória a Lula”
O comentarista José Luiz Portella afirmou, nesta quinta-feira (7), em sua coluna no Uol, que a chance de Lula vencer as eleições deste ano no 1º turno é “grande e factível”. Segundo ele, caso Lula mantenha o desempenho que vem tendo nas pesquisas, o petista pode ser eleito na primeira etapa do pleito com base na quantidade de votos brancos ou nulos.
- Lula tem 45% das intenções de voto, Bolsonaro, 31%, e Ciro, 6%, diz pesquisa
- Haddad lidera disputa pelo governo de SP com 29%; França, em segundo, tem 20%
“Se Lula mantiver os 44% de intenções de voto, que apresenta em várias pesquisas, e houver 12% de votos não válidos (brancos, nulos e abstenções), os 44% se transformam em 50% dos votos válidos”, escreveu.
“Com um voto a mais, Lula ganha a eleição no primeiro turno. Pouco importa a votação do segundo colocado, mesmo que atinja 50% menos 1. Decisivos são os votos válidos, o somatório”, disse Portella.