Às 3h20 da madrugada deste domingo (10) um homem fez disparos de arma de fogo contra a portaria do Acampamento Marielle Vive, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Valinhos, no interior de São Paulo.
O ataque acontece menos de duas semanas depois que a ocupação — que reúne 450 famílias sob o risco de despejo — comemorou a decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender as remoções forçadas no país até 30 de junho.
Segundo as pessoas que estavam na portaria do Acampamento, um carro preto com a placa coberta passou algumas vezes em frente ao local, com a velocidade reduzida. Na última vez, um homem branco, careca, com barba e aparentemente sozinho desacelerou ainda mais, colocou a mão para fora da janela com uma arma e fez os disparos.
A maior parte das pessoas presentes se jogou no chão. Ninguém foi atingido. Em seguida, o carro acelerou em direção à cidade de Valinhos.
Entre possíveis motivações para o ataque, integrantes do movimento levantam as hipóteses dele estar relacionado à ódio de raça e classe vindo de grupos neonazistas da região e/ou a pessoas que têm interesses econômicos em reaver a área ocupada para fins de especulação imobiliária.
“A gente sabe que tem uma relação direta com o ‘incômodo’ que os trabalhadores sem terra provocam em setores bolsonaristas de Valinhos e do entorno”, avalia Gerson Oliveira, do MST.
“Também pode ser uma reação à recente prorrogação da suspensão dos despejos por parte do STF, sabendo que vamos permanecer por mais um tempo no local e que estamos conseguindo resistir ao despejo. Isso provoca uma reação. E, no nosso caso, muitas vezes essa reação é armada”, aponta.
Os moradores do Acampamento recolheram cápsulas da arma no chão, que seriam de uma pistola 9 milímetros.