O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), André Mendonça, virou alvo de críticas de bolsonaristas evangélicos após votar pela condenação do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) por atos antidemocráticos e ameaças contra a Corte e seus integrantes.
Indicado à Suprema Corte pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), Mendonça foi ao Twitter na manhã desta quinta-feira (21) tentar explicar porque votou contra um aliado do presidente.
“Como cristão, não creio tenha sido chamado para endossar comportamentos que incitam atos de violência contra pessoas determinadas”, justificou. “Como jurista, a avalizar graves ameaças físicas contra quem quer que seja.”
Silveira foi condenado à perda de seus direitos políticos e a 8 anos e 9 meses de reclusão em sessão do STF realizada na quarta (20). Dos 11 ministros que compõem a Corte, dez votaram contra o deputado. Somente um votou por sua absolvição: Kassio Nunes Marques, o primeiro ministro do Supremo indicado por Bolsonaro.
Marques foi favorável à absolvição de Silveira por entender que suas falas não passavam de “ilações, conjecturas inverossímeis, sem eficiência e credibilidade, incapazes de intimidar quem quer que seja, não passando de bravatas”. Silveira, entre outras ameaças, disse que jogaria o ministro do STF Alexandre de Moraes “na lixeira” e o tiraria da Suprema Corte “na base da porrada”.
Mendonça, por sua vez, viu crimes na conduta do parlamentar. Ele, que chegou ao STF na condição apontada por Bolsonaro como “terrivelmente evangélico”, foi criticado publicamente por políticos ligados a igrejas.
“Estou terrivelmente decepcionado”, escreveu o pastor e deputado federal Marco Feliciano (PL), também no Twitter. O parlamentar ainda postou um vídeo de protesto contra o que ele chamou de “morte” da democracia.
O pastor e ex-senador Magno Malta, aliado de Bolsonaro, também afirmou que a condenação de Silveira era uma “covardia”. E escreveu que se sentia “terrivelmente decepcionado” pelo “terrivelmente”, sem citar Mendonça.
O pastor Silas Malafia anunciou que fará um pronunciamento nesta quinta-feira (21) sobre a condenação de Silveira e o voto de Mendonça.