Você já passou por alguma situação de não se sentir inteligente o suficiente, por não entender um conceito ou uma atividade intelectual? Uma pessoa pode ser mais inteligente que outra? A inteligência humana pode ser hierarquizada? O teste de QI – quociente de inteligência – é totalmente eficaz para medir a inteligência de uma pessoa? São questões intrigantes, certamente.
Na década de 1980, o psicólogo e pesquisador da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, Howard Gardner, elaborou um estudo conhecido como teoria das inteligências múltiplas. Ele é autor do livro, “Estruturas da Mente”, que divulgou essa teoria. Para Gardner, cada indivíduo possui habilidades únicas que pode desenvolver ao longo da vida.
Para que a inteligência humana se desenvolva são levados em conta a genética e o contexto social. Segundo a teoria de Gardner, existem nove tipos de inteligência: lógico-matemática (lidar com conceitos matemáticos), linguística (facilidade de se comunicar), interpessoal (compreender o outro), intrapessoal (lidar com o seu interior ou com as emoções), corporal (controlar o corpo), espacial (habilidade em se criar imagens, etc.), musical (reconhecer sons ou notas musicais), existencial (pensar sobre a vida – filósofos) e naturalista (lidar ou interagir com a natureza). Gabriel Chalita, filósofo e escritor, numa exposição sobre esse tema, pondera que a inteligência é algo social, sujeita a influências, oportunidades e estímulos.
Uma pessoa, por exemplo, pode ser um excelente jogador de futebol, mas não lidar bem com matemática. Isso não quer dizer que o mesmo indivíduo não possa aprimorar a inteligência para essa ciência exata. Por isso, é importante que crianças sejam estimuladas desde cedo a desenvolver tais habilidades. Política pública na área educacional também precisa se adequar a essa realidade. Cada aluno necessita de desenvolvimento e aprendizagem específica para aperfeiçoamento da inteligência na “área” que mais precise (musical, por exemplo), sob pena de o ensino cair numa “vala comum”.
A memorização é uma parte da inteligência cognitiva (intelectual e de raciocínio lógico) e requer treino e persistência, como se dá no preparo para concursos e vestibulares. Já a inteligência emocional diz respeito a capacidade de o ser humano lidar com as emoções. A conclusão de Gardner nessa teoria é que, se você é capaz de desenvolver uma dessas formas de inteligência, poderá fazê-lo no todo, ou seja, não há limitação. A inteligência humana, enfim, é muito complexa e não pode ser compreendida totalmente através de uma prova ou de um teste de QI. Cada ser humano demonstra sua capacidade cognitiva de forma única, até porque cada ser humano é único.
Adelmo Pinho é promotor de justiça em Araçatuba e colunista do RP10