Chef Juarez Paes – Nos restaurantes de cidades litorâneas do Nordeste, Sudeste e Sul do nosso Brasil é quase que inevitável voltarmos nossos olhos para seção de peixes e frutos do mar, onde nos debruçamos e percorremos toda a lista de pratos de cima para baixo e de baixo para cima e, imediatamente somos tomados por aquela deliciosa “duvida cruel” sobre a melhor escolha que pode levar vários minutos e alguns aperitivos, até que cheguemos a uma decisão final.
Ah meu Deus! Camarão, lagosta, paella, moqueca, caldeirada, à moda da casa, ao termidor, à cubana, à dorê, ao alho e óleo, na chapa, grelhado, com pirão, com purê, com batatas coradas, badejo, robalo, linguado, congrio, bacalhau, caranguejo, sururu, e agora? O que é que eu faço? Não consigo me decidir.
Só não vale desistir e pedir um filé com fritas, o que seria deveras incompatível com o clima e o ar impregnado pelo cheiro do mar, o barulho das ondas quebrando na praia, a decoração e o aroma do ambiente do restaurante escolhido, muito provavelmente escolhido pela excelência no preparo de peixes e frutos do mar.
Localidades próximas aos grandes rios do país como o Amazonas, Rio Negro, Araguaia, São Francisco, Tietê e outros, também apresentam farta variedade de peixes e frutos fluviais nos cardápios dos restaurantes especializados nesta modalidade, com pratos elaborados a partir de peixes como o pintado ou surubim, pacu, pirarucu, tucunaré, tilápia, arraia e outras espécies como o pitu de água doce, alguns tipos de conchas e moluscos, além das belas e apetitosas rãs encontradas em brejos formados a partir destas águas e alagadiços.
Risotos, caldeiradas, moquecas, feitos na telha e ou na folha de bananeira, na brasa e com os molhos tradicionais e os elaborados a partir de frutas e ervas nativas, que encantam e levam ao delírio muitos Chefs, especialmente os franceses, são algumas das centenas de formas de preparo de peixes e frutos de água doce encontrados na nossa vasta diversidade fluvial.
Araçatuba, conhecida mundialmente como a “Terra do Boi Gordo”, tem ainda, uma relação muito distante com os peixes e frutos do mar, concentrando mais, por razões óbvias, suas poucas opções nos cardápios dos restaurantes, nos peixes de água doce, tais como a tilápia, o tucunaré, o cascudo, e outros, que são servidos em iscas ou fatiados para Sashimi, que, aliás, cercados de certos cuidados e capricho na apresentação em alguns estabelecimentos, tem tudo para se tornar referência nesta técnica oriental, voltada especificamente para os peixes de água doce; para tanto, é necessário modificar principalmente o modo de servir, o que é muito simples e fácil.
Ao invés de acomodar as fatias de peixe em cama de repolho e cebolas em um prato branco redondo, com o gengibre triturado e espalhado por toda a porção, o wasabi e o shoyu em copinhos de cafezinho descartáveis e sem a opção do hashi, seria mais apropriado a utilização de barcas ou recipientes ovais ou retangulares rasos e longos, em cama de rabanetes ralados finos, com o gengibre, wasabi e shoyu em pequenos recipientes padronizados, o que daria uma ótima impressão ao comensal visitante, que levaria outra impressão da gastronomia local e com toda certeza, recomendaria para outros prováveis turistas do bem comer, além da satisfação e da apetitosa visão de um prato bem apresentado e decorado.
Podemos incluir aí a Região de São José do Rio Preto, como Votuporanga, Olímpia, Mirassol e outros municípios por lá.
Existem ótimos restaurantes de culinária eclética, com cardápios ricos em opções de pratos tanto da cozinha nacional, quanto da internacional contemporânea, onde podemos encontrar de camarão pistola a bacalhau, os quais, para não privilegiar um em detrimento de outro, não vou citar os nomes, mas posso sim, mencionar que, eles convivem exatamente com a mesma dificuldade: O alto preço da matéria prima fresca, em função da distância que os separa do litoral, o que os obriga a repassar tais custos para o consumidor final, que quando dirigi o olhar para aquela coluna da direita no cardápio, suspira com um ar de certa frustração e termina por optar por outro prato, que não era o pretendido, desde o momento que escolheu aquela casa em especial.
É aí que os peixes e frutos de água doce podem e vão fazer a diferença, pela facilidade de consegui-los aqui, na própria região e em conseqüência disso oferecer preços mais interessantes, tanto para os empresários, como para os consumidores.
Estava antes da Covid, em fase de ajustes finais de um projeto para promover um festival de peixes e frutos de água doce e cativeiro, com sede em Araçatuba, de caráter itinerário no formato de um circo gastronômico, com um tema principal e várias atrações, entre elas bandas, grupos musicais e de teatro, duplas, mágicos, grandes Chefs, negócios, desfiles e muito mais.
Claro que, como tantos outros projetos sofreu em consequência da Pandemia um significativo atraso, porém, todos começam a serem retomados gradativamente. Porém, esquecem-se que um “Titanic” quando afunda, leva um contingente muito grande de passageiros e tripulantes, além do bom nome da empresa, para o fundo, causando prejuízos irreparáveis do ponto de vista financeiro-material.
Já em um barco onde todos remam juntos, e que, quando entra água, cada um dos seus tripulantes imediatamente, pega a sua caneca e colabora jogando um pouco dela fora, vai longe e sempre chega ao seu destino.
A cada objetivo alcançado é preciso aumentar as dimensões do barco, pois mais remadores ingressam na tripulação, para se engajar na jornada, e trabalhar em prol de um todo, em busca de mais uma conquista, conseguida através muita labuta e colaboração solidária e não sentados no bem bom, a custa do esforço alheio, como alguns parasitas, representantes do empresariado predatório.
Receita louca de Jesus?
Jesus Cristo – O Grande Mestre misturou a palavra e os ensinamentos de Deus, amor ao próximo, a força da fé, milagres, traição, condenação, coroa de espinhos, chibatadas e outras atrocidades, uma cruz de madeira maciça nos ombros, mais fé, morte lenta e dolorosa e ressurreição. Alguém conhece alguma receita mais louca de vontade de salvar o Homem do que esta? E olha que tem gente que ainda não aprendeu a usar os ingredientes desta receita tão simples.
Badejo ao molho de alcaparras
Você vai precisar de:
- 1 kg de filé de badejo;
- 2 limões;
- sal e p. reino qb;
- 1 lata de creme de leite;
- farinha de trigo qb;
- 3 colheres de sopa de alcaparras;
- 4 colheres de sopa de manteiga animal;
- ½ litro de leite.
Preparo:
Tempere o peixe com limão, sal e p. reino e deixe marinar por ½ hora. Passe manteiga nos filés coloque em uma refratária e leve ao forno por 20 a 30 minutos, regando o badejo de vez em quando com o caldo proveniente dele e da manteiga.
Para o molho derreta 2 colheres de manteiga misture um pouco de sal e a farinha de trigo, mexa sem parar e sem deixar empelotar, acrescente o creme de leite, mexa bem e em seguida junte o leite e novamente mexa até engrossar. Bata uma parte com duas colheres de alcaparras no liquidificador, junte com o restante leve novamente ao fogo e acrescente mais uma colher de alcaparras inteiras.
Retire o peixe do forno e despeje o molho sobre ele, leve ao forno para aquecer, retire e sirva, com arroz branco ou penne na manteiga, acompanhado de um bom vinho de uva sauvignon blanc a 15°C.