Cerca de seis milhões de brasileiros convivem com dores intensas e incapacitantes, além de outros sintomas causados pela fibromialgia. O número impressionante é estimado pela Sociedade Brasileira de Estudos para a Dor e justifica a importância do Fevereiro Roxo, campanha que ocorre durante todo este mês para chamar a atenção para a fibromialgia e outras duas doenças crônicas e incuráveis: o Alzheimer e o lúpus.
“É fundamental que a população conheça e se conscientize sobre a fibromialgia, assim como as outras doenças, para que possam ser identificadas ainda na fase inicial e seus sintomas sejam controlados ou retardados, oferecendo melhor qualidade de vida aos pacientes acometidos por estas patologias”, afirma a médica fisiatra Regina Fornari Chueire, professora da Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp), ex-presidente da Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (ABMFR) e médica da Clínica Santa Rita, de Rio Preto.
A fibromialgia é mais recorrente em mulheres – 70% a 90% dos casos diagnosticados –, principalmente na faixa entre 25 e 50 anos. Não se sabe a razão por que isto acontece. Não parece haver uma relação com hormônios, pois a fibromialgia afeta as mulheres tanto antes quanto depois da menopausa.
Sintomas da fibromialgia
O sintoma mais importante é a dor difusa pelo corpo. A pessoa normalmente tem dificuldade de definir quando começou a dor, se de maneira localizada que depois se generalizou ou se começou no corpo todo. O paciente sente mais dor no final do dia, mas pode haver também pela manhã. A dor é sentida “nos ossos” ou “na carne” ou ao redor das articulações.
Existe uma maior sensibilidade ao toque, sendo que muitos pacientes não toleram ser “agarrados” ou mesmo abraçados. Não há inchaço das articulações, pois não há inflamação nas articulações. A sensação de inchaço pode aparecer pela contração da musculatura em resposta à dor.
A alteração do sono na fibromialgia é frequente, afetando quase 95% dos pacientes. Com o sono profundo interrompido, a pessoa acorda cansada, mesmo que tenha dormido por um longo tempo.
Cansaço é outro sintoma comum, e parece ir além ao causado somente pelo sono não reparador. Os pacientes apresentam baixa tolerância ao exercício, o que é um grande problema, já que a atividade física é um dos grandes aliados do tratamento da fibromialgia.
A depressão está presente em 50% dos pacientes com fibromialgia, ou seja, é comum, porém, nem toda pessoa com fibromialgia tem depressão.
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Outro sintoma é alteração de memória e de atenção, e isso se deve mais ao fato de a dor ser crônica do que a alguma lesão cerebral grave. Para o corpo, a dor é sempre um sintoma importante e o cérebro dedica energia lidando com esta dor e outras tarefas, como memória e atenção, ficam prejudicadas.
Diagnóstico da fibromialgia
A fibromialgia tem difícil diagnóstico – sua identificação pode levar anos. Ela se manifesta com dor no corpo todo, principalmente na musculatura. Junto com a dor, a fibromialgia cursa com sintomas de fadiga (cansaço), sono não reparador (a pessoa acorda cansada) e outros sintomas como alterações de memória e atenção, ansiedade, depressão e alterações intestinais. Uma característica da pessoa com fibromialgia é a grande sensibilidade ao toque e à compressão da musculatura pelo examinador ou por outras pessoas.
O diagnóstico é clínico, isto é, não se necessitam de exames para comprovar que ela está presente. Se o médico fizer uma boa entrevista clínica, pode fazer o diagnóstico de fibromialgia na primeira consulta e descartar outros problemas.
Os critérios de diagnóstico da fibromialgia são:
- dor por mais de três meses em todo o corpo e
- presença de pontos dolorosos na musculatura (11 pontos, de 18 que estão pré-estabelecidos).
Deve-se salientar que muitas vezes, mesmo que os pacientes não apresentem todos os pontos, o diagnóstico da síndrome é feito e o tratamento iniciado.
Provavelmente o médico pedirá alguns exames de sangue, não para comprovar a fibromialgia, mas para afastar outros problemas que possam simular esta síndrome.