Um jovem autista de 17 anos, de Araçatuba, foi aprovado no vestibular da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Mato Grosso (UFTM), campus de Sinop. João Vitor Costa Lima conseguiu o ingresso após manter uma árdua rotina de estudos diários e soube do resultado de seus esforços nessa terça-feira (22).
O adolescente já providenciou a sua matrícula e está ansioso para o início das aulas, previsto para o dia 4 de abril. “Estou muito feliz que deu tudo certo, foi um esforço muito grande. Vou dar o meu máximo na faculdade para, no futuro, ser um bom profissional.
Lima pretende se especializar em neurologia, para ajudar outras pessoas com o mesmo transtorno que ele e também por ser apaixonado pelo sistema nervoso. “É muito complexo para a sociedade em geral saber que os autistas são capazes de ter grandes conquistas”, afirmou o futuro médico.
O estudante foi diagnosticado com o Transtorno do Espectro do Autista (TEA) leve aos 14 anos, após um professor identificar que ele tinha necessidade de interagir com outras pessoas. A partir daí, passou a frequentar a Associação dos Amigos dos Excepcionais de Araçatuba (Apae), que possui um setor para atendimento de portadores do TEA.
Paralelamente às aulas do Ensino Médio na Escola Técnica Estadual (Etec) de Araçatuba, ele frequentava a Apae às quartas e sextas-feiras, das 13h às 17h. Lá, recebia atendimento multidisciplinar com médico, fonoaudiólogo, psicólogo, fisioterapeuta, dentre outros profissionais. Também fazia atividades com outros alunos e, segundo a mãe, passou a interagir melhor com as pessoas desde então. “Antes, ele era muito fechado, não me contava as coisas, vivia trancado no quarto”, relata Elisângela.
O que nunca mudou em sua rotina foi a paixão pelos estudos, tanto que aos 14 anos foi aprovado no concorrido vestibulinho da Etec. Além de ajudar a mãe, Elisângela Costa, no bar da família, o jovem estudava pelo menos seis horas por dia. “Muitas vezes, ele varava a noite estudando e, vendo o esforço dele, deixei que ele se dedicasse inteiramente aos estudos nos últimos três meses”, conta a mãe, orgulhosa.
O ingresso na faculdade de Medicina se deu por sua nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e também pelas cotas de escola pública, pardos e deficientes, o que não tira o mérito do esforçado estudante.
Além de estudar, o futuro médico gosta também de pedalar e de confeitaria, produzindo deliciosos doces na cozinha de casa.