Após grande repercussão do fato ocorrido no pronto-socorro municipal na segunda-feira (24), a Direção da Santa Casa de Misericórdia de Penápolis esclarece que comunicou o fato à autoridade de Polícia Judiciária e ao Ministério Público, responsável pela Proteção da Criança e do Adolescente, bem como instaurou Procedimento Administrativo Interno.
Tais procedimentos visam apurar a conduta de um profissional da área de enfermagem, que segundo denúncia de uma mãe, deixou a agulha injetada na nádega de sua filha, de 6 anos, após aplicação intramuscular de medicação. A menor está positivada para a Covid-19, e precisou de atendimento no pronto-socorro.
O fato foi levado a amplo conhecimento público após a mãe, Thamii Silvério, fazer uma postagem em sua rede social, inclusive com a imagem da agulha retirada da nádega da criança. A menina manifestou dor e choro, o que levou os pais a retirar o tufo de algodão deixado no local da aplicação da injeção, quando viram a agulha deixada no “bumbum” da menor.
Conforme a mãe, o caso é de indignação. Seu relato foi de que ficou 3h esperando para sua filha ser atendida no pronto socorro. A criança apresentava quadro de vômito havia seis dias. Na casa, pais e duas crianças estão positivados para a Covid-19. Ela foi atendida e medicada, para injeção de Dramin intramuscular na sala de atendimento, e com receituário para medicação em casa.
O Dramin é indicado para prevenir e tratar os sintomas de enjoo, tontura e vômitos em geral, incluindo os vômitos e enjoos da gravidez, no pré e pós-operatórios e após tratamento com radioterapia; na prevenção e tratamento de tonturas, enjoos e vômitos causados por movimentos durante as viagens (avião, barco, ônibus, automóvel, etc. – quadro conhecido como cinetose); na prevenção e tratamento das labirintites e vertigens em geral.
Ela também contou que o enfermeiro foi gentil, e rápido na aplicação da medicação. A mãe ficou acalmando e segurando a criança que estava com medo da injeção, estando muito nervosa. Alega ainda que não viu o que ocorreu após, se a seringa estava ou não com a agulha. Fato que teria também passado desapercebido pelo enfermeiro.
A mãe falou ainda que foi colocado no local da injeção um volume de algodão seguro por esparadrapo. Houve posteriormente um pequeno vazamento de sangue.
CHORO E DOR
No caminho de casa, no bairro Haroldo Camilo, a criança queixou-se de dor. Na residência ela chorava muito e reclamava que o “bumbum” estava doendo.
O pai sugeriu que retirassem o algodão, na tentativa de aliviar o sofrimento da filha. Foi quando notaram a agulha toda injetada na nádega da menina. De fora estava a parte chamada de “canhão” onde se encaixa a seringa, e a haste (agulha) toda inserida no corpo da criança. Os próprios pais retiraram a agulha e logo a menor foi deixando de chorar e sentir a dor.
“Eu sei que o fluxo de pacientes está enorme, mas os profissionais tem que prestar atenção. Como eu estava a acalmando a minha filha e a segurando para tomar a medição, o vi o enfermeiro puxando a seringa e colocando o algodão, porém nunca iria imaginar que ela ainda estava com a agulha no bumbum. Isso é falta de servidores e acumulo de serviço. Precisamos de mais atenção, principalmente com crianças” – comentou Thamii em sua postagem.
DENÚNCIA
Ainda na noite de segunda-feira (24), a vice-prefeita Dra Mirela Fink e o secretário municipal de Saúde entraram em contato com a mãe para saber mais informações sobre o caso, orientando para que a mesma pudesse fazer a denúncia por escrito, o que foi feito.
O documento foi protocolado junto à Secretaria Municipal de Saúde. Também foi assegurado à ela que requerendo tivesse acesso ao prontuário de atendimento médico ocorrido na unidade do pronto-socorro.
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Thamii informou à reportagem do INTERIOR que já efetuou o registro de um boletim de ocorrência junto a Polícia Civil, e ainda o registro online de denúncia junto ao Ministério Público. O caso será investigado.
Não foi informado se o enfermeiro teria sido afastado das funções até se apurar os fatos.