Após ser alvo de um boletim de ocorrência por não ter recebido uma paciente que necessitava de um leito intensivo e que acabou falecendo nesta madrugada, a Santa Casa de Birigui informou que sua UTI Geral trabalha acima da capacidade e que não tem condições de receber mais doentes. A unidade, que possui 10 leitos, está com 11 pacientes que necessitam de cuidados especiais.
O caso que transformou a falta de vagas na UTI em um caso de polícia aconteceu porque a Santa Casa não recebeu a paciente, de 87 anos, que estava no pronto-socorro municipal e necessitava de uma vaga de UTI, para tratamento de vôlvulo gástrico, doença caracterizada pelo aumento do tamanho do estômago.
A polícia foi acionada pelo prefeito Leandro Maffeis (PSL), que relatou enfrentar dificuldades rotineiramente na transferência de pacientes para o hospital.
Após ter acesso ao boletim de ocorrência, o Regional Press entrou em contato com o diretor-clínico da Santa Casa de Birigui, médico Juan Bernardo Pereira Martin, que relatou à reportagem que o PS solicitou uma vaga de UTI à Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde) e o hospital chegou a aceitar a paciente. No entanto, um paciente que havia recebido alta da UTI e tinha sido transferido para o quarto, acabou tendo uma intercorrência e precisou ser levado novamente para a unidade de cuidados intensivos.
“Nesse caso específico, foi uma fatalidade. Chegaram vários casos graves ao mesmo tempo. Não estamos fazendo corpo mole e a nossa porta de entrada é o pronto-socorro municipal, ou seja, todos os que estão internados na UTI vieram do pronto-socorro”, afirmou o diretor-clínico do hospital, ao rebater o relato do prefeito, que disse à polícia estar enfrentando dificuldades para transferir pacientes para a Santa Casa.
“Não podemos deixar um paciente dentro do hospital desassistido. Se a UTI está lotada, não tem como receber outros pacientes”, reiterou o médico, destacando que a idosa estava bem assistida no pronto-socorro, que possui estrutura para tratamentos intensivos, com os mesmos aparelhos existentes no hospital.
Superlotação
O médico destaca, ainda, que o hospital atende pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e sempre enfrentou esta dificuldade de superlotação. A Santa Casa de Birigui atende pacientes de oito municípios da microrregião, como Buritama, Bilac, Clementina, Santópolis do Aguapeí, Brejo Alegre e Turiúba.
O tempo médio de internação na UTI Geral é de duas a três semanas, com exceção dos pacientes em pós-opratórios, que saem em dois ou três dias. Na UTI Geral, há internados com várias patologias, como cardíacas e renais.
O diretor-clínico afirma que o hospital criou um leito extra, além dos 10 existentes, mas que a UTI chegou ao limite, pois não tem mais respiradores nem funcionários para uma possível ampliação.