Se os brasileiros já entraram em 2021 abalados pela pandemia, os 12 meses seguintes vieram como prova irrefutável de que tudo sempre pode piorar. Ao longo do ano, episódios de violência e crimes surpreendentes chocaram ainda mais o país, viraram destaques recorrentes no noticiário e causaram comoção nacional.
Em março, as atenções se voltaram para Dr. Jairinho, então vereador do Rio de Janeiro, e a acusação de participar da morte de seu enteado, o menino Henry Borel, de apenas quatro anos; em junho, a população assistiu atenta à fuga de um serial killer no Distrito Federal, que acabou morto pela polícia; e além disso, assaltos cinematográficos no estilo “novo cangaço” voltaram a acontecer em cidades do interior de São Paulo e Minas Gerais. Relembre, em ordem cronológica, alguns crimes que chocaram o Brasil em 2021, conforme levantamento feito pela Jovem Pan:
Henry Borel
Na madrugada do dia 8 de março, o corpo de Henry Borel, de 4 anos, chegou a um hospital da zona oeste do Rio de Janeiro. Um mês depois, a polícia prendeu a mãe do menino, Monique Medeiros, e o padrasto, o então vereador Dr. Jairinho. As investigações concluíram que a criança morreu por conta das agressões do parlamentar e que a mãe foi omissa com os episódios. De acordo com os laudos, foram encontradas 23 lesões no corpo do garoto. Em maio, o casal foi indiciado por homicídio duplamente qualificado com tortura e sem chance de defesa da vítima. A Justiça do Rio também aceitou outra denúncia contra Jairinho e o tornou réu por tortura contra uma menina de 4 anos, filha de sua ex-namorada, entre 2011 e 2012. O político teve o mandato cassado pela Câmara Municipal do Rio por unanimidade em junho e também foi expulso de seu partido, o Solidariedade. As audiências do caso começaram em dezembro no Tribunal de Justiça do Rio com depoimentos de testemunhas. No primeiro dia, o pai de Henry, Leniel Borel, voltou a pedir justiça. “Espero agora que a verdade seja esclarecida e que aqueles dois monstros que assassinaram brutalmente meu filho saiam daqui punidos de maneira proporcional à brutalidade que eles cometeram”, declarou na ocasião.
Caso Lázaro
No dia 28 de junho, Lázaro Barbosa Sousa, de 32 anos, foi morto pela polícia em Águas Lindas de Goiás (GO) após 20 dias de fuga. Apelidado de “serial killer do Distrito Federal”, ele era investigado por mais de 30 crimes cometidos também em Goiás e na Bahia. As buscas pelo criminoso tiveram início no dia 9 de junho após o assassinato de uma família em Ceilândia (DF) e mobilizaram cerca de 270 agentes de segurança – Lázaro teria matado um empresário, a esposa e dois filhos a tiros e facadas em casa. Ele ainda era suspeito pela morte de um caseiro quatro dias antes. Homicídio, tentativa de homicídio, estupro, roubo, porte ilegal de armas, invasão, furto e tentativa de latrocínio estão entre os crimes cometidos por Lázaro. Cinco pessoas foram indiciadas nos inquéritos abertos pela Polícia de Goiás por suspeita de ajudarem na fuga do criminoso: o fazendeiro Elmir Caetano, que foi detido durante a operação, o caseiro de sua fazenda, as duas ex-mulheres de Lázaro e sua ex-sogra.
DJ Ivis
No início de julho, Pamella Gomes de Holanda compartilhou nas redes sociais vídeos do ex-marido Iverson de Souza Araújo, conhecido como DJ Ivis, agredindo-a com socos, tapas e chutes. O artista foi preso preventivamente na região metropolitana de Fortaleza e indiciado por lesão corporal, ameaça e injúria no âmbito da violência doméstica. Pamella contou em entrevista ao programa “Encontro com Fátima Bernardes” que as primeiras agressões ocorreram quando ela estava grávida da filha. O DJ admitiu as agressões e alega ter sido chantageado. No dia 22 de outubro, Ivis foi solto pela Justiça do Ceará e agora responde em liberdade.
Kathlen Romeu
Grávida de quatro meses, a designer Kathlen Romeu, de 23 anos, foi morta por um tiro de fuzil no Complexo de Lins, na zona norte do Rio de Janeiro, no dia 8 de agosto de 2021. O caso ganhou atenção da imprensa e a comoção tomou conta das redes sociais. No dia 12 de dezembro, o Ministério Público do Rio de Janeiro concluiu que um policial militar foi responsável pelo disparo que matou a jovem e denunciou cinco agentes por terem alterado a cena do crime: o capitão da PM Jeanderson Corrêa Sodré, o 3° Sargento Rafael Chaves de Oliveira e os cabos da PM Rodrigo Correia de Frias, Cláudio da Silva Scanfela e Marcos da Silva Salviano, todos acusados de fraude processual. A denúncia afirma que, antes da chegada da perícia, eles retiraram o material que estava no local e acrescentaram 12 cartuchos calibre 9mm deflagrados e um carregador de fuzil 556, com 10 munições intactas, que foram apresentados mais tarde na 26ª Delegacia de Polícia como forma de alegar um confronto com criminosos. A investigação ainda não foi concluída e não se sabe qual dos agentes efetuou o disparo que tirou a vida de Kathlen.
Novo Cangaço
Em 2020, quadrilhas especializadas em roubos a agências bancárias já aterrorizavam cidades do interior de São Paulo como Ourinhos, Araraquara e Botucatu. O modus operandi dos criminosos era invadir os municípios com armamento pesado e explosivos e fazer moradores de reféns – a modalidade de assalto foi apelidada de “novo cangaço“, em referência aos criminosos que invadiam cidades do Nordeste no início do século 20. Em 2021, os roubos continuaram. Um episódio em Araçatuba, no dia 30 de agosto, terminou com três pessoas mortas e quatro feridas; uma das vítimas foi um homem que teve a perna amputada após passar próximo a um artefato explosivo. Crimes parecidos também ocorreram em Jacuí, no sul de Minas Gerais, em abril, e Nova Bandeirantes, no Mato Grosso, em junho. Também em agosto, uma quadrilha explodiu uma agência bancária em Brumadinho (MG); na ocasião, três suspeitos morreram em confronto com a polícia. No dia 31 de outubro, a Polícia Militar e a Polícia Rodoviaria Federal realizaram uma operação conjunta em Varginha, no interior de Minas, para desmantelar um grupo que estaria planejando novos assaltos na região. A ação terminou com 25 suspeitos mortos.