A maioria dos países do mundo busca o desenvolvimento sustentável, ou seja, o progresso com respeito ao meio ambiente, sendo que nações e grupos organizados discutem o assunto com frequência. Pode soar num primeiro momento paradoxal, mas, o avanço tecnológico deve ou não ter limite?
A tecnologia sem rédeas pode colocar em risco a humanidade? Não se trata aqui de discussão sobre a tecnologia voltada para a construção de bombas nucleares, mas sim se o homem pode perder a sua “natureza” enquanto “ser”, por conta de um mundo que está deixando de ser real ou físico, para ser virtual.
O mundo como conhecemos há poucas décadas não mais existe. A internet se popularizou na década de 90. O mundo hoje é predominantemente virtual. Lojas físicas estão em extinção e foram substituídas por compras virtuais em sites. As audiências e reuniões são em regra remotas ou não-presenciais. Uma ideia brilhante na área da tecnologia de informação pode valer milhões de dólares.
O negócio de ideias é mais rentável que aplicações financeiras, imóveis ou ouro. O mundo mudou. Inegável que a tecnologia, em especial da informação, trouxe avanços para a humanidade nas áreas de saúde, educação, segurança, trânsito e muitas outras facilidades para o ser humano.
Este, porém, se tornará uma “ilha”? Será que o homem consegue viver só, sem relação interpessoal e refém de máquinas, redes sociais e algoritmos? O ser humano está no comando ou são os algoritmos? Quem controla quem? Na atualidade os algoritmos conseguem saber o perfil de cada um e por consequência nos monitoram através de e-mails, redes sociais e compras via internet.
A questão é, existe controle sobre os algoritmos? O pano de fundo é que o distanciamento entre as pessoas é fruto desse modelo de vida que estamos adotando e que nos é imposto. A pessoalidade ou a interação entre as pessoas na família, no trabalho e na recreação está deixando de existir.
Quem conhece realmente a essência de outra pessoa através de redes sociais? O “sapiens” está prestes a perder sua natureza de um “ser social” e isso já vem gerando consequências nocivas, como o aumento progressivo de doenças da mente e de suicídios.
Nesse contexto, a tecnologia necessita ser “sustentável” e objeto de discussão, tal como o meio ambiente no desenvolvimento do mundo. Não se trata de pregar o negacionismo da tecnologia. Esta pode e deve continuar a se desenvolver, mas com respeito à essência do ser humano. Este, porém, deve estar no comando, com sua humanidade e sanidade preservadas.
Adelmo Pinho é promotor de justiça em Araçatuba