Chef Juarez Paes | A palavra gastronomia quando lida ou escrita, quase sempre reflete em nossas mentes no primeiro instante, a imagem de um homem com chapéu de mestre cuca (toque blanche), uma grande cozinha, um restaurante ou cantina com decoração requintada ou até mesmo a mesa de um luxuoso banquete.
Numa segunda tomada, pessoas distintas e bem vestidas sentadas a uma mesa com vários tipos de talheres, compôs, taças e um belo prato sendo servido por um garçom elegante, supervisionado por um mètre simpático, atencioso e gentil.
Se a palavra usada for culinária, as imagens surgem em ambientes diversos de acordo com o meio social do locutor, interlocutor ou receptor da mensagem.
Quando a palavra empregada é cozinha, a imagem inicial remete o pensamento do receptor diretamente para o âmbito familiar, e nesse caso, muitas vezes leva a uma imediata, porém, breve regressão aos tempos de infância e adolescência.
Façam o teste e comprovem, procurem ficar atentos as suas mentes quando ouvirem ou lerem uma destas palavras.
Não cheguei a tal conclusão do nada, tudo começou comigo, e, como não podia deixar de ser passei um bom tempo perguntando a “Deus e todo o mundo”, se o mesmo acontecia com todos e concluí que aproximadamente 80% das pessoas pesquisadas (e olha que foram muitas), mentalizavam basicamente as mesmas imagens que eu, guardadas aí, as devidas proporções em termos de bagagem cultural e milhagem de cada uma delas pelos vários cantos do mundo.
Chamei a atenção para esta curiosidade, que passa despercebida pela maioria das pessoas, especialmente pelas que não atuam diretamente no ramo de Alimentos & Bebidas, para mostrar que este fato (embora pouco notado) é preponderante para que a gastronomia, culinária ou cozinha, pouco apareça entre as atividades mais utilizadas como instrumento de inclusão social, pela maioria das entidades e iniciativas, sejam elas de caráter privado social (empresas), filantrópico individual ou até mesmo “pilantrópico” (a turma do “rouba, mas faz”. Tudo pelo social sem nenhum interesse fiscal, etc.), principalmente pela conotação dada a estas palavras a partir das imagens que elas proporcionam no primeiro instante, fazendo com que a culinária alta pareça inacessível para as classes menos favorecidas, crianças e jovens carentes.
Gostaria de salientar que há dois parágrafos atrás, eu disse que gastronomia… ‘pouco aparece’ e não que ‘nunca aparece’ entre as atividades de inclusão social, o que poderia parecer contraditório, já que vou mencionar algumas ações feitas a partir da culinária.
Temos aqui em Votuporanga, Rio Preto, como também, em Araçatuba e região, entidades de várias vertentes (religiosas, orfanatos, de ensino público, prefeituras, etc.) e muitas iniciativas individuais, que adotam a gastronomia como uma (entre outras) de suas ferramentas para obras sociais de inclusão, como também, para capitação de recursos e doações oferecendo cursos, chás, almoços, jantares e coquetéis beneficentes.
Nos casos citados acima, a gastronomia atua de forma diferenciada com relação às outras, pois, abrange todas as classes sociais, formando com elas um grupamento de atividades que se entrelaçam, para alcançar um objetivo comum, com cursos para quase todas as faixas etárias, que são patrocinados por eventos gastronômicos, com os quais arrecadam os fundos necessários para manutenção deste tipo de trabalho.
Através de doações, entidades como a Casa do Caminho, Casa da Sopa, Nosso Lar, entre outras espalhadas não só pelo interior paulista, mineiro, fluminense, como por todo o Brasil, não esquecendo das iniciativas individuais e dos pequenos grupos que proliferaram durante estes tempos difíceis de Pandemia e todos os dias atendem aos moradores de rua e pessoas de renda do tipo quase nenhuma, ou seja, a culinária nestes casos atua como uma verdadeira aglutinadora de classes, onde os mais favorecidos aparecem como cozinheiros, garçons e patrocinadores dos menos privilegiados pela sorte, além de fazer com que todos exercitem a solidariedade, dando e recebendo muito amor e carinho, numa troca, que termina por nivelar a todos, como filhos de um só Pai.
A força do esporte com suas diversas modalidades para inclusão social é insuperável, e assim deve continuar a ser, como a música, o teatro, a dança e as artes em geral, que oferecem a oportunidade de muitos sonharem com o estrelato ou a notoriedade, porém, não podemos relegar ao 2º plano, os projetos que preparam e profissionalizam pessoas, para enfrentarem um mercado de massa, onde a vida é mais real e menos deslumbrante, ao formarem pedreiros, marceneiros, serralheiros, jardineiros digitadores, domésticas, babás, copeiros, cozinheiros, entre outros, dando a estes, cidadania e uma profissão, algo que ninguém (só Deus) pode lhes tirar.
A gastronomia quem diria, tem também lá o seu lado social, além de ser socializante, solidarizante e aglutinadora de classes. Em contrapartida, nunca vai conseguir deixar de ser sofisticada e elitizada, quando inclui somente os mais abastados e exclui impiedosamente os pouco favorecidos.
Infelizmente “a vida é como ela é”, cheia de antagonismos e contradições, porém, como o roteiro dela é escrito pelo melhor roteirista do universo, no elenco sempre caberão muito mais mocinhos que bandidos.
Medalhões de ricota
Você vai precisar de:
- 1 xícara de trigo de quibe já hidratado e escorrido;
- 1 xícara de ricota fresca passada na peneira fina;
- ½ xícara de parmesão ralado;
- 1 colher de sopa de salsinha picada;
- 2 gemas;
- ½ colher de chá de noz moscada ralada;
- 1 colher de sopa de cebola bem picadinha.
Para o molho:
- 1 colher de sopa de manteiga;
- 1 cebola média bem picada;
- 1 caixa de creme de leite;
- 1 colher de café de pimenta calabresa;
- sal qb.
Preparo:
- Misture todos os ingredientes para a massa, transfira para uma tábua ou pedra de bancada, pressionando-a até deixá-la com 2 cm de altura, com um aro ou molde improvisado, faça 10 medalhões.
- Passe-os para uma refratária e leve ao forno pré aquecido por 10 minutos para dourarem (200°C).
- Deixe esfriar, cubra com filme, leve a geladeira e reserve.
- Numa frigideira, aqueça a manteiga em fogo médio e refogue a cebola por 10 minutos, até ficar macia, junte o creme de leite, a pimenta e o sal.
- Cozinhe mexendo sem deixar ferver, até que fique cremoso.
- Arrume os medalhões em uma travessa, decore e sirva com o molho à parte.