As operações simultâneas “Vida Fácil I” e “Vida Fácil II” desencadeadas na manhã desta quarta-feira pela Polícia Federal, para desmantelar duas organizações criminosas que fraudavam o sistema do auxílio emergencial, resultaram em 15 prisões, sendo que deste total 10 investigados presos são de Birigui e Araçatuba.
Durante entrevista coletiva concedida à imprensa, a delegada que presidiu as investigações, Daniela Ferreira Mauro Braga, explicou que como foram descobertas duas organizações que tinham uma ligação entre elas, foi necessário desencadear as duas operações simultaneamente.
Foram cumpridos 17 mandados de prisão e 54 de busca e apreensão em Birigui, Araçatuba, Marília, Bauru, São José do Rio Preto, Anápolis (GO) e Maringá (PR). Os mandados foram expedidos pela Justiça Federal de Araçatuba. Dos 15 presos, 10 são de Birigui e Araçatuba, quatro foram presos e Maringá (PR) e um em Bauru (SP). No total estima-se que as organizações tenham desviado ao menos R$ 10 milhões.
Durante a operação foram apreendidos carros de luxo e jet skis, arma, munições e dinheiro. Os integrantes do grupo também utilizavam o dinheiro obtido com furtos mediante fraude para outros tipos de ostentação, como festas frequentes. Isso levou a PF e denominar as operações como “Vida Fácil”.
O grupo fraudava o sistema utilizado dados de beneficiados pelo auxílio, que quando iam fazer os saques constatavam que não havia mais dinheiro em caixa. Também utilizavam dados de terceiros para criar cadastros e se beneficiar com o dinheiro.
A PF iniciou as investigações em Araçatuba no início deste ano, após receber informações da Unidade de Repressão às Fraudes ao Auxílio Emergencial da PF em Brasília (DF), dando conta que, após realização de cruzamento de dados, vários indivíduos foram identificados em diversos auxílios emergenciais fraudados.
Esta unidade de repressão atua com informações provenientes de um banco de dados que reúne informações estratégicas utilizadas em ação conjunta entre a Polícia Federal, Ministério Público Federal, Ministério da Cidadania, Caixa Econômica Federal, Controladoria-Geral da União, Tribunal de Contas da União e Receita Federal, com o objetivo de desarticular grupos ou organizações criminosas que atuam neste tipo de crime em várias unidades da federação.
As investigações confirmaram que duas organizações criminosas especializadas na prática de furto, mediante fraude, do benefício assistencial, com base na cidade de Birigui estavam agindo não só na região de Araçatuba, mas também em outros Estados. Os líderes dos grupos criminosos ostentavam alto padrão de vida, adquirindo veículos de luxo e imóveis.
Pelos elementos até então obtidos é possível estimar que os prejuízos aos cofres públicos sejam superiores a dez milhões de reais. A pedido da PF, a Justiça Federal decretou, além das buscas e prisões, o bloqueio de bens e valores dos investigados objetivando garantir a restituição dos valores desviados para os cofres públicos.
Os presos serão indiciados pelos crimes de furto, mediante fraude, praticados por meio de dispositivo eletrônico ou informático, e associação criminosa. Caso sejam condenados, eles estarão sujeitos à pena máxima de até a 16 anos de reclusão.
Os nomes das Operações Vida Fácil I e Vida Facil II fazem alusão ao comportamento dos investigados que, sem apresentar vínculos de trabalho lícito e por meio de fraudes e desvios de benefícios assistências, objetivavam desfrutar de uma Vida Fácil, com aquisição de bens de alto valor agregado.