Bebês que nasceram prematuros, mas que após acompanhamento na UTI Neonatal da Santa Casa de Araçatuba conseguiram ultrapassar às muitas barreiras que ameaçam a sobrevivência daqueles que nascem antes de completar o ciclo gestacional, alguns dos quais em condições consideradas como, extrema prematuridade, voltarão nesta terça-feira ao hospital para celebração da vida.
O evento faz parte das comemorações do Dia Mundial da Prematuridade, comemorado em 17 de novembro. A data foi criada para chamar a atenção sobre um problema que atinge 15 milhões de crianças todos os anos ao redor do mundo.
O encontro de prematuros que será realizado na Santa Casa de Araçatuba reunirá, dentre outros, Miguel, que nasceu em 8 de novembro de 2015, com 24 semanas de idade gestacional, pesando 688 gramas e medindo 31 centímetros. Era um microprematuro. Tão pequeno que a equipe de enfermagem precisava cortar fraldas RN no meio para servir no bebê.
Felizmente, mesmo em condições críticas e com alto risco de mortalidade, Miguel sobreviveu. Ele passou três meses internado na UTI Neonatal e Pediátrica e graças ao tratamento e acompanhamento recebidos, deixou a unidade em fevereiro de 2016, pesando 2,2 quilos e medindo 39 centímetros.
Evento
As crianças e suas mães serão recebidos pelos médicos, enfermeiros e fisioterapeutas das equipes da UTI Neonatal e Pediátrica e UTI Neonatal. O encontro terá super-heróis, palhaços e muita animação.
Dia da Prematuridade
A data tem como finalidade sensibilizar a população para a problemática dos bebês que nascem prematuros, o que tem se tornado cada vez mais comum em decorrência do aumento da incidência de partos gemelares por pacientes submetidas à fertilização in vitro. Outras causas são a gravidez precoce ou tardia.
Em todo o mundo, um em cada dez bebês nasce prematuro, o que significa que cerca de 15 milhões de crianças nascem antes do tempo. No Brasil, mais de 12% dos nascimentos acontecem antes da gestação completar 37 semanas. Isso significa que 340 mil bebês nascem prematuros todo ano, o equivalente a 931 por dia.
Esta data também é conhecida como o Dia Internacional da Sensibilização para a Prematuridade, criada em 2009, sendo seguida no Canadá, EUA, Austrália e Portugal. Hoje já é celebrada em mais de 50 países, com o intuito de se pensar em estratégias para diminuir a taxa de prematuridade.
Atenção primária
Na região de Araçatuba, segundo o neonatologista intensivista pediátrico Anderson Azevedo Dutra, o alto índice de prematuridade está associado à dificuldade de acesso à atenção primária e de coordenação da atenção primária nos 40 municípios para os quais a Santa Casa de Araçatuba é referência em obstetrícia de alto risco.
Dutra é o responsável técnico pelo Serviço de Neonatologia Intensiva da Santa Casa de Araçatuba, que possui 17 leitos intensivos neonatais e três pediátricos e 12 leitos semi-intensivos neonatais.
“Possuímos uma estrutura robusta, além de profissionais altamente capacitados para cuidar dos bebês extremamente prematuros”, afirma o médico. A equipe é formada por médicos, enfermeiros, fonoaudiólogos e terapeutas.
A média de peso dos bebês que sobrevivem no complexo neonatal da Santa Casa de Araçatuba é entre 670 a 772 gramas. O tempo médico de internação é de 60 dias e os bebês recebem alta quando atingem os dois quilos.
Qualidade de vida
O grande desafio da neonatologia, hoje, não é somente em relação à sobrevivência dos prematuros, segundo Dutra, mas garantir qualidade de vida.
Para isso, o Serviço de Neonatologia Intensiva da Santa Casa de Araçatuba instituiu uma série de protocolos, que garantem aos recém-nascidos extremamente prematuros uma atenção especial, focada em uma nutrição precoce, com leite materno, e suportes adequados para evitar danos no médio e longos prazos.
“Este tem sido o nosso objetivo, temos vários protocolos de pesquisas em andamento que em breve pretendemos publicar na literatura médica, para que possamos contribuir de alguma forma na formação de um conceito em relação à prematuridade”, adiante ao médico.
O desafio constante da equipe de neonatologia da Santa Casa é manter a qualidade do serviço baseado em excelência técnica, com atendimento humanizado, adaptando os recursos tecnológicos à realidade do hospital e, principalmente, trabalhando os colaboradores no sentido de capacitá-los e motivá-los.