Mães de crianças com autismo de Birigui procuraram a reportagem do Regional Press para reclamar da suspensão do atendimento de seus filhos na AMA (Associação Amigos do Autismo) de Araçatuba, localizada no bairro Morada dos Nobres. Elas foram surpreendidas com um aviso da instituição de que seus filhos não mais poderiam ser atendidos por falta de repasses da Prefeitura de Birigui.
Cerca de 20 crianças de Birigui eram atendidas na AMA e deixaram de ir à entidade nessa segunda-feira (4), após o aviso da suspensão dos serviços para os alunos do município.
A dona de casa Laís Regina de Souza Lopes é mãe do Pedro, de seis anos, que recebe atendimento na AMA há três. “Com o trabalho da AMA, meu filho saiu da fralda, come sozinho, está mais calma, passa por consultas periodicamente. O tratamento dele não pode ser interrompido do nada”, disse.
A também dona de casa Neide Solerno Santos, é mãe do Felipe, que tem 11 anos e faz tratamento na AMA desde os 4. “Eu já fui tentar vaga na Apae de Birigui, mas eles alegam que não têm estrutura nem profissionais para atender o grau de autismo do meu filho. A AMA já vinha atendendo nossas crianças mesmo sem o repasse da Prefeitura, mas agora não dá mais”, afirmou.
Segundo ela, a preocupação é na descontinuidade do tratamento, o que pode prejudicar a saúde de seu filho. “Na AMA, meu filho recebe todo o atendimento de que precisa. Lá, ele tem psicopedagoga, fisioterapeuta, faz natação, aula para crianças especiais. Não sei como vai ser se isso não for retomado”, disse.
A dona de casa Karen Suelen Pio de Oliveira, mãe de Samuel Felipe, de dez anos, conta que o filho faz tratamento na AMA há seis anos e apresentou melhoras significativas no desenvolvimento, fala e comportamento. “Ele precisa continuar com o tratamento, se não, vai perder tudo aquilo que ganhou até agora, vamos ter de recomeçar do zero”, afirmou.
AMA foi criada em 1999 para atender crianças com TEA
A AMA foi criada em 1999 com o objetivo de atender crianças com o Transtorno do Espectro do Autista (TEA). A instituição conta com 64 colaboradores especializados e oferece fonoaudiologia, terapia ocupacional com integração sensorial, fisioterapia, hidroterapia, psicologia com especialista em análise do comportamento aplicada (ABA), médico neurologista e psiquiatra, além de psicólogo com orientação específica para família, assistente social e enfermeiras.
A entidade também oferece tratamento socioeducativo com psicopedagogas e educador pedagogo com trabalho direcionado de acordo com a faixa etária, habilidade/funcionalidade para ABVDs – Atividade Básica e Prática de Vida Diária, projeto de inclusão no mercado de trabalho, laboratório de Informática, brinquedoteca, musicoterapia, arte terapia, projeto Cão Cidadão/Unesp (terapia com animais), horta e cozinha pedagógicas, jardim sensorial, educação física especialmente adaptada para pessoa com TEA (futebol, vôlei, basquete, natação e atletismo) e, projeto alimentação onde se trabalha a seletividade alimentar própria da pessoa com Autismo.
A reportagem procurou a AMA para comentar a descontinuidade do atendimento das crianças de Birigui, mas não houve retorno das mais de 15 ligações feitas à diretora Sidney Freitas e à própria instituição.
Prefeitura disse que pretende repassar R$ 30 mil à entidade
Questionada, a Prefeitura de Birigui informou que há mais de dois anos o município não repassa verbas para a AMA. Para resolver esta situação, o prefeito Leandro Maffeis encaminhou à Câmara Municipal projeto de lei que autoriza a celebração de termo de colaboração entre o município e a AMA para fazer o repasse de R$ 30 mil. O projeto já está na pauta da ordem do dia para ser votado nesta terça-feira (5).