A clássica frase do cineasta Glauber Rocha, referência do Cinema Novo do Brasil nos anos 1960 e início de 1970 pode ser emprestada nesse momento, só que com leve alteração: não foi “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, conforme Rocha, mas uma ideia na cabeça e uma câmera na mão que deram origem à produção cinematográfica com pré-estreia marcada para o dia 9 de outubro (sábado), às 21h, em Araçatuba, em sessão fechada.
‘Benedita: uma heroína invisível. O legado da superação’ é a cinebiografia fruto do citado encontro: ideia do jornalista Sirlei Nogueira com a câmera nas mãos do produtor Samuel Lalucci, que finalizavam um curso básico de produção audiovisual na cidade no ano de 2012. Em poucos meses começavam as filmagens do conteúdo documental.
Alguns anos depois, a pré-estreia é de um docudrama, mix de documentário com cenas dramatizadas por atores profissionais e amadores locais. A protagonista é a atriz Silvia Teodoro, natural da cidade, funcionária pública e psicóloga, que encarna – quase literalmente – a personagem Benedita Fernandes, pioneira benemérita que em 1932 fundou a instituição que se transformaria em hospital psiquiátrico com o nome dela, a partir de 1947.
Corte. Tipo cinematográfico, quando muda a cena: a atriz, que adotou Teodora como novo nome artístico em homenagem à avó, faleceu no último mês de março, em decorrência de câncer.
Corte 2: o recorte sobre essa história de vida prioriza outros cenários, principalmente os vivenciados ao longo de anos até chegar a Araçatuba e iniciar os trabalhos sociais que a transformaram em referência de responsabilidade social e de acolhimento ao ser humano, especialmente aos que necessitavam de atendimento em saúde mental, nos longínquos anos 1930.
Educação formal foi a outra frente de trabalho encarada pela desbravadora respeitada por políticos da época, como prefeito, deputado, interventor do Estado e até pelo próprio presidente Getúlio Vargas. Educação de crianças pobres como ela, em condições de vulnerabilidade social.
- MULHER.
- NEGRA.
- POBRE.
- ANALFABETA.
- ‘LOUCA’.
Imagine-se nessas condições. Só que 90 anos atrás… Todas são reais, com informações sobre obstáculos facilmente pesquisáveis – virtualmente ou não – na História relativamente recente do Brasil. Ninguém – em sã consciência – poderia dizer que teria sido a melhor das experiências. Então, como seria para quem não vivenciasse em sã consciência?
Nesse caso, louca, mas não conforme diagnóstico da medicina vigente: ‘louca’ num sentido figurado para os homens, mas efetivamente compreensível do ponto de vista espiritual. Décadas depois, a Ciência reconheceu a obsessão espiritual no CID (Código Internacional de Doenças) da Organização Mundial da Saúde.
A condição provisória de ‘louca’ deve ter sido o obstáculo mais difícil a ser superado por aquela pessoa em situação de rua, de estrada batida de chão, de trilhas pelas matas e trilhos ferroviários. A andarilha perambulou quase 800 quilômetros entre a terra natal, Campos Novos de Cunha, Distrito de Cunha, perto de Guaratinguetá (atual Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte) até chegar a Penápolis, Região Noroeste Paulista.
O que uma mulher, negra, pobre, analfabeta e que circunstancialmente estava na condição de ‘louca’ poderia fazer em prol do semelhante na década de 1930? Seria necessário nascer de novo, não é mesmo?
O pit-stop histórico em Penápolis gerou muitos episódios e o momento que pode ser considerado de ‘nascimento’, de ‘metamorfose’ do ser humano que revolucionou a própria vida, numa exemplar história de superação, em uma existência caracterizada pelo pleno exercício da responsabilidade social.
Benedita Fernandes foi ‘curada’ e passou a ‘curar’; esteve andarilha e assegurou dignidade aos que perambulavam pelos caminhos, tanto adultos quanto principalmente crianças; era analfabeta, mas promoveu a educação infantil exemplarmente.
Vale destacar que uma ‘banca de examinadores’ formada por doutor e mestre em Ciências e por educadores com décadas de vivências foi convidada especialmente para reconstituir esse cenário histórico. Dentre eles: Cesar Perri, doutor em Ciências (foi Pró-Reitor da Unesp) e é o biógrafo da personagem; e Sergio Felipe de Oliveira, mestre em Ciências e fundador da UniEspírito (Universidade Internacional de Ciências do Espírito).
Luiz Carlos Barros Costa (ex-UniCastelo/Universidade Brasil, de Fernandópolis); Divaldo Pereira Franco, educador com mais de 600 filhos adotivos e mais de 200 netos e bisnetos em trabalho social em Salvador, BA; Ana Jaicy Guimarães, educadora e dona de casa; Marilusa Moreira Vasconcellos, educadora e psicóloga; e o psicanalista Wagner Gomes da Paixão são alguns dos outros integrantes da ‘banca’ que estruturam o cenário do conteúdo documental.
Especialistas em Educação para ‘avaliar’ a Educadora por excelência. Conterrâneos e contemporâneos também enriquecem o docudrama
Pense bem!
Então, o que qualquer outra pessoa ‘normal’ poderia fazer nos dias de hoje, em prol do semelhante?
E você? O que poderia fazer?
Se aceitar sugestão: ‘Benedita: uma heroína invisível. O legado da superação’.
É um bom começo…
Serviço
EXIBIÇÕES
Teatro Paulo Alcides Jorge | 9 a 14 de outubro |
Dez exibições: contrapartidas do Projeto ‘Benedita Fernandes. Sombra, Luz e Ação’: Edital Nº 01 de Apoio a Projetos de Valorização e Preservação da Memória no Município de Araçatuba (Prefeitura de Araçatuba/ Secretaria Municipal de Cultura/Fundo Municipal de Apoio à Cultura/Conselho Municipal de Políticas Culturais – Programa de Fomento à Cultura/Agosto de 2016).
O incentivo foi direcionado exclusivamente à produção do conteúdo dramático. Atores profissionais e amadores de Araçatuba foram envolvidos no projeto.
Agendamento para sessões gratuitas entre 10 e 14 de outubro:
18 99709.4684 (Sirlei)
[email protected]
Dia 10: 16h | 20h30
Dia 12: 10h30 | 16h | 20h30
Dia 13: 16h | 20h30
Dia 14: 16h | 20h30
Classificação: 14 anos
Ficha técnica
BRASIL | 2021
Cinebiografia baseada no livro ‘Benedita Fernandes. A Dama da Caridade’
Autor: Antonio Cesar Perri de Carvalho
Publicação: Cocriação Editora Eireli, 2017
Apoio Cultural: Use Regional de Araçatuba (70 anos em 28.09.2022)
Face Espírita (30 anos em 21.11.2021)
COPRODUÇÃO DA CINEBIOGRAFIA (DOCUDRAMA)
Cocriação Editora | Araçatuba.SP
Lalucci Filmes | Araçatuba.SP
CONTEÚDO DOCUMENTAL
Antonio Cesar Perri de Carvalho
Divaldo Pereira Franco
Luiz Carlos Barros Costa
Ana Jaicy Rodrigues Guimarães
Marilusa Moreira Vasconcellos
Sergio Felipe de Oliveira
Wagner Gomes da Paixão
CONTEÚDO DOCUMENTAL
(Contemporâneos em Araçatuba.SP)
Naoum Cury (in memorian)
Dirce Dalloca Ribeiro
CONTEÚDO DOCUMENTAL
(Conterrâneos em Campos Novos de Cunha/Distrito de Cunha.SP)
José Carlos da Silva
Gilson Alves Bernardino
Marina Albano dos Santos Alves
Rubens Alves Bernardino
Ilson Gonçalves Ledoíno
José Fernandes
CONTEÚDO DRAMÁTICO
Tiodora (in memorian)
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL
Renato Prieto
ELENCO
Clóvis Roberto
Flavio Estêvão
Manuela Menezes
Pat Bracale
João Gonçalves
José Luiz Py
CRIANÇAS
Caio Bracale
Rafa CF
Leon Nogueira
TRILHA SONORA ORIGINAL
Maestro Mário Henrique
Paula Zamp
GRAVAÇÃO ORIGINAL DA TRILHA
Paula Zamp
Gabriel Rocha
ARTISTAS DE VOZ
Alessandra Araújo
André Marouço
Dan Camargo
Nelson Custódio
Hélio Negri
ARTISTAS PLÁSTICOS
Agda (Agda Russo) | Itatiba.SP
A.Wicher (Ângela Wicher) | Araçatuba.SP
Clifford (Clifford Fortin) | Birigui.SP
Lázaro (in memorian)
M. Luzia (Maria Luzia Almeida Rosa) | Araçatuba.SP
Matê Vizoni (Maria Tereza Vizoni) | Birigui.SP
Merciana (Merciana Greice Pereira Xavier) | Araçatuba.SP
PARTICIPAÇÕES
Cícera Rodrigues Santana
Elza Benevenuto
Gregório Carlos Rodrigues
Joyce Maria Corrêa
Luiz Augusto Macedo
Mara Regina Garcia de Souza Oliveira
Sônia Arruda
EQUIPE LALUCCI FILMES
Douglas Lalucci
Bill Marques
André Moreira
Edélcio Araújo Jr.