A Câmara de Birigui aprovou, durante a sessão dessa terça-feira (5), o projeto da Prefeitura que prevê o repasse de R$ 30 mil, divididos em quatro parcelas de R$ 7,5 mil, para que a AMA (Associação dos Amigos do Autista de Araçatuba) volte a atender as mais de 20 crianças do município.
A instituição havia suspendido o atendimento e deixou de receber as crianças de Birigui na segunda-feira (4), por falta de repasses da Prefeitura.
O projeto que prevê o termo de cooperação entre o município e a AMA recebeu aprovação unânime do plenário. A parceria é para o custeio dos atendimentos da equipe multiprofissional da entidade.
“Foram nove meses de jogo de empurra”, diz vereador
Ao usar a tribuna livre da Câmara, o vereador Fabiano Amadeu (Cidadania), que vinha pressionando a Prefeitura para realizar os repasses desde o início do ano, lamentou que o município não tenha formalizado a parceria antes.
“Foram nove meses de jogo de empurra para viabilizar estes repasses. Espero que AMA volte a atender nossas crianças e releve a incompetência da Prefeitura”, afirmou.
Segundo ele, inicialmente, os repasses seriam feitos pela saúde do município. Depois, decidiram que seriam pela educação e, na sequência pela assistência social. “Agora, o projeto voltou para a área da saúde. Se isso tivesse sido feito no início do ano, as crianças não estariam sem atendimento agora”, disse o vereador.
Mães temem retrocesso no desenvolvimento de seus filhos
Na segunda-feira, mães de crianças com autismo de Birigui procuraram a reportagem do Regional para reclamar da suspensão do atendimento de seus filhos na AMA. Elas foram surpreendidas com um aviso da instituição de que seus filhos não mais poderiam ser atendidos por falta de repasses da Prefeitura.
A preocupação das mães é que as crianças frequentam a Associação há anos e apresentaram muitos progressos em seu desenvolvimento, na fala e no comportamento.
A dona de casa Laís Regina de Souza Lopes é mãe do Pedro, de seis anos, que recebe atendimento na AMA há três. “Com o trabalho da AMA, meu filho saiu da fralda, come sozinho, está mais calma, passa por consultas periodicamente. O tratamento dele não pode ser interrompido do nada”, disse.
A também dona de casa Neide Solerno Santos, é mãe do Felipe, que tem 11 anos e faz tratamento na AMA desde os 4. “Eu já fui tentar vaga na Apae de Birigui, mas eles alegam que não têm estrutura nem profissionais para atender o grau de autismo do meu filho. A AMA já vinha atendendo nossas crianças mesmo sem o repasse da Prefeitura, mas agora não dá mais”, afirmou.
Segundo ela, a preocupação é na descontinuidade do tratamento, o que pode prejudicar a saúde de seu filho. “Na AMA, meu filho recebe todo o atendimento de que precisa. Lá, ele tem psicopedagoga, fisioterapeuta, faz natação, aula para crianças especiais. Não sei como vai ser se isso não for retomado”, disse.
A dona de casa Karen Suelen Pio de Oliveira, mãe de Samuel Felipe, de dez anos, conta que o filho faz tratamento na AMA há seis anos e apresentou melhoras significativas no desenvolvimento, fala e comportamento. “Ele precisa continuar com o tratamento, se não, vai perder tudo aquilo que ganhou até agora, vamos ter de recomeçar do zero”, afirmou.
Prefeitura alega que problema se arrastava havia dois anos
A reportagem procurou a AMA para comentar o assunto, mas ninguém atendeu às ligações na instituição. Já a Prefeitura de Birigui informou que há mais de dois anos o município não repassa verbas para a AMA. E que para resolver esta situação, o prefeito Leandro Maffeis encaminhou à Câmara Municipal projeto de lei, aprovado ontem, que autoriza a celebração de termo de colaboração entre o município e a AMA para fazer o repasse de R$ 30 mil.