Genival José da Silva, pai de Márcio Victor Possa da Silva, personal trainer morto durante ataque à bancos em Araçatuba, acredita que o filho foi morto por não ter conseguido se sergurar no capô do carro.
Ao longo da madrugada, para evitar disparos policias, a quadrilha que invadiu Araçatuba chegou a usar reféns como escudos humanos. Alguns deles foram colocados sobre os carros usados nos crimes. Genival reconheceu o filho em um dos vídeos que viralizou nas redes sociais.
“Pela imagem que vi, ele está no primeiro carro. Tem um em cima, e ele está embaixo, no capô. Quando os bandidos foram saindo para ir embora, ele foi como escudo humano. Acredito que ele caiu, não aguentou segurar, ou viu a oportunidade e tentou fugir, mas foi baleado por dez tiros”, disse Genival, pai do personal trainer em entrevista à TV Tem, afiliada da Rede Globo.
O corpo de Márcio foi encontrado com 10 perfurações por arma de fogo e pela dinâmica da cena, os familiares acreditam que ele não conseguiu segurar no capô do carro e deve ter caído. Ele caiu no meio de uma rua, o que teria irritado os bandidos.
O advogado Jaime José da Silva, tio Márcio, disse à TV Tem que sobrinho voltava de um evento com duas amigas e foi supreendido pelos bandidos. “Eles tiraram meu sobrinho do carro. Somente as meninas foram liberadas. Pelo local em que o corpo foi encontrado, chegamos à conclusão de que ele não se segurou. Os bandidos pararam e atiraram. Foram dez orifícios de entrada, salvo engano, e nove de saída”.
Empresário morre ao tentar filmar ação da quadrilha
O empresário Renato Bortolucci, dono do posto de gasolina São João, morreu vítima da quadrilha que atacaram bancos em Araçatuba. A polícia acredita que ele filmava a ação dos criminosos quando foi morto. Renato deixa esposa e duas filhas.
Madrugada de terror em Araçatuba
No início da madrugada de segunda-feira (30/08), dezenas de criminosos ocuparam regiões do município com explosivos e armas de grosso calibre, como fuzis e metralhadoras. Nas horas seguintes, explodiram e atiraram contra três agências bancárias.
Segundo testemunhas, eram pelo menos 30 criminosos. Durante mais de duas horas houve troca de tiros com os policiais. Dois batalhões da PM também foram atacados. A investigação aponta que dez carros e um drone foram usados pela quadrilha na ação. O grupo conseguiu fugir com uma quantia ainda não revelada em dinheiro.
Os criminosos usaram metalons, a superdinamite caseira, acionados a distância por celulares. O metalon é normalmente uma estrutura metálica oca (como um pé de mesa de cozinha ou de carteira escolar) preenchida com pólvora (preta ou branca) ou uma emulsão. O artefato começou a ser usado em 2018, mas as últimas apreensões revelaram que o equipamento estava mais sofisticado, com acionamento à distância.
Os policiais do Gate localizaram 93 explosivos deixados pela quadrilha. Os artefatos foram encontrados nas ruas, nos bancos, nos carros abandonados entre Gabriel Monteiro e Bilac e também em um caminhão deixado pelo grupo perto das agências bancárias
Durante a fuga, os criminosos abandonaram os veículos usados na ação. No interior dos carros, foi encontrado farta munição e armas de grosso calibre, dentre elas fuzis calibre .50 e 7.62 mm, além de “miguelitos” (artefatos de metal utilizados para furar pneus de veículos). Carros e caminhões em chamas foram espalhados por entradas da cidade, de forma a atrapalhar o acesso da polícia.
Casal como olheiro durante ataques em Araçatuba
Um casal que atuou como “olheiro” para os criminosos durante os ataques a agências bancárias em Araçatuba (SP), na madrugada de segunda-feira (30), está preso na Polícia Federal.
A Polícia Militar informou que o casal confessou ter feito a função de “olheiro”. Um outro homem também foi conduzido à delegacia da Polícia Federal, mas foi liberado.
A PM também tomou conhecimento de que um homem deu entrada em um hospital de Piracicaba (SP) com ferimentos causadas por arma de fogo de grosso calibre. Um levantamento da provável participação dele na ação criminosa em Araçatuba está sendo realizado.
Refém feito de escudo humano conta o drama em entrevista ao RP10