O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), se posicionou hoje (7) pela primeira vez pelo impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido), que participou de atos pró-governo federal em Brasília (DF) e na capital paulista. Ele também defendeu que o PSDB faça oposição ao presidente da República.
Segundo Doria, Bolsonaro afrontou a Constituição. “Eu até hoje nunca havia feito nenhuma manifestação pró-impeachment, me mantive na neutralidade, entendendo que até aqui os fatos deveriam ser avaliados e julgados pelo Congresso Nacional, mas depois do que assisti e ouvi hoje, em Brasília, ele, Bolsonaro, claramente afronta a Constituição, ele desafia a democracia e empareda a Suprema Corte brasileira”, declarou o governador.
Doria concedeu entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (7), no Centro de Operações da PM (Copom), onde monitorou, ao lado do Procurador-Geral de Justiça, Mário Sarrubbo, o esquema especial de policiamento das manifestações.
“O volume de crimes já cometidos pelo presidente da República no dia de hoje nas manifestações são mais que suficientes para justificar, se não for um novo pedido, os mais de 130 pedidos de impeachment que adormecem na mesa do presidente da Câmara em Brasília”, defendeu o governador, para quem Bolsonaro precisa sofrer o julgamento do impeachment pelos equívocos, erros e pelo afrontamento à democracia.
Além do pronunciamento à imprensa pró-impeachement, Doria se manifestou também em seu Twitter @jdoriajr, onde escreveu: “Independência só é plena quando há respeito às leis, à Constituição e à Democracia. #ForaBolsonaro”.
Paralelamente ao posicionamento de Doria pelo impeachment, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, convocou uma reunião da Executiva nacional do partido para discutir as questões relativas a Bolsonaro, como uma possível oposição ao governo federal e a discussão sobre a abertura do processo de impeachment.
“Cumprimentei o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, pela convocação, amanhã, da Executiva Nacional do partido para discutir as questões relativas ao que está sucedendo hoje no Brasil. Eu não faço parte da executiva nacional do PSDB, portanto, não me cabe participar dessa reunião, mas já me manifestei claramente e reproduzo a minha opinião posição: O PSDB, partido pelo qual fui eleito governo do estado de SP, estado mais densamente habitado do país, maior força econômica do país, a nossa posição é pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro”, disse Doria.
Bolsonaro diz que não cumpre mais decisões de Alexandre de Moraes
Durante ato na avenida Paulista, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não vai mais cumprir decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro ainda afirmou que “ou esse ministro se enquadra, ou pede para sair”. “Nós devemos sim, porque eu falo em nome de vocês. Determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade. Digo a vocês que qualquer decisão do ministro Alexandre de Moraes esse presidente não mais cumprirá”.
Moraes é o relator dos inquéritos que apuram a disseminação de notícias falsas e a organização de atos antidemocráticos. Recentemente, o magistrado determinou a prisão de apoiadores do presidente por ameaças à Corte, como o ex-deputado Roberto Jefferson.
O presidente Jair Bolsonaro voltou a chamar de “farsa” a organização das eleições de 2022 sem o voto impresso. “Não é uma pessoa ou o Tribunal Superior Eleitoral que vai dizer que esse processo é seguro, porque não é”, completou o presidente, que fez críticas ao “presidente do Tribunal Superior Eleitoral”, sem citar nominalmente o ministro Luís Roberto Barroso.