Após ter sido vítima de uma explosão que amputou os dois pés e parte da mão esquerda, ainda internado em estado grave e em fase de recuperação, o servente de pedreiro Cleiton Alexandro Soares Teixeira, 25 anos, agora está sendo vítima de fakenews onde o acusam de ter sido autor do latrocínio (roubo com morte) contra o veterinário Fernando Trivelato, há sete anos, no bairro Icaray, em Araçatuba.
O delegado Paulo Natal, que conduziu o inquérito na época, desmente o boato que está sendo espalhado nas redes sociais.
O delegado Paulo Natal está em viagem e falou por telefone com a reportagem do Regional Press. Atualmente ele está na Deic (Divisão Especializada em Investigações Criminais), mas na época do latrocínio, quando não havia a Divisão, ele respondia pela DIG (Delegacia de Investigações Gerais), e conduziu o inquérito em relação ao caso.
Delegado desmente boatos
Natal disse que na época o latrocínio foi cometido por dois menores e um maior. Um dos adolescentes e o maior chamavam-se Cleiton, mas o sobrenome de nenhum deles bate com o do servente vítima da explosão.
O maior, apontado como o mesmo que perdeu os pés na explosão, na realidade encontra-se detido condenado a 30 anos de prisão pelo latrocínio do veterinário Fernando Trivelato. “Não procede, esse rapaz não tem nada a ver com o latrocínio como estão falando”, disse o delegado.
O delegado lembrou que o acusado de disparar o tiro que matou o veterinário chama-se Cleiton Araújo e na época tinha 20 anos, portanto, é mais velho e não tem o mesmo sobrenome da vítima da explosão. O outro evolvido, na época ainda menor, atualmente é mais novo do que o servente e também tem sobrenome diferente.
Além de ter sido condenado a 30 anos de prisão pelo latrocínio, Natal lembrou que Cleiton Araújo ainda tinha envolvimento em duas tentativas de homicídio, uma contra o segurança de um curtume e outra contra um policial aposentado, que quase morreu após levar fortes coronhadas na cabeça. Ele ainda era suspeito de participação em um homicídio cuja participação não foi comprovada na época.
Família está arrasada
Além de ter de conviver com a triste realidade de Cleiton, que se recupera e chora a todo momento questionando como vai fazer para trabalhar e cuidar de sua mãe, sem ter os dois pés, a família ainda passa outro drama gerado pelas falsas informações que o acusam do latrocínio.
“A gente vê muitos comentários maldosos contra o meu irmão e acusação de uma coisa que ele não fez. É muito triste”, disse a irmã mais nova dele, Jéssica Valeriano Souza Teixeira, 23 anos. Ela conta que a família precisou tirar o celular da mãe, porque além dessas acusações, começaram a expor muitas fotos e vídeos de Cleiton ferido, com imagens fortes que agora passara a ser alvo de comentários ainda piores.
A explosão
Jéssica contou que na noite de domingo seu irmão estava na casa de uma prima. Ele voltava para casa de bicicleta, onde a mãe havia ficado sozinha, quando passou pelo centro de Araçatuba, onde havia acabado de acontecer o ataque de criminosos, que deixaram dezenas de dinamites espalhadas pelas ruas centrais.
Ao passar perto de um dos artefatos, no cruzamento das ruas Duque de Caxias com General Osório, ocorreu a explosão. Ele disse aos familiares que passava ao lado do artefato, tentando pegar seu próprio celular do bolso, quando de repente foi surpreendido pela explosão.
A autônoma Michele de Oliveira, 23 anos, presenciou o exato momento da explosão. Ela voltava da casa de sua avó e estava atrás de Cleiton quando o artefato explodiu. “Ele estava distante uns cinco passos da dinamite quando passou e houve a explosão. Eu vi ele sendo arremessado com a bicicleta. Estão dizendo que ele foi mexer na dinamite, mas eu vi, ele nem relou”, contou a moça.