Às vésperas de um novo aumento na taxa extra na conta de luz, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse em audiência pública no Senado que “não adianta ficar sentado chorando.”
“Temos de enfrentar a crise. Vamos ter de subir a bandeira, a bandeira vai subir. Vou pedir aos governadores para não subir automaticamente [o ICMS da energia elétrica], eles acabam faturando em cima da crise. Temos de enfrentar, não adianta ficar sentado chorando”, disse Guedes.
Ontem (25/08), o ministro questionou “qual seria o problema de a energia ficar um pouco mais cara porque choveu menos”. O Brasil enfrenta a pior estiagem dos últimos 91 anos.
“Se ano passado que era um caos, nos organizamos e atravessamos, por que vamos ter medo agora? Qual é o problema agora que a energia vai ficar um pouco mais cara porque choveu menos?”, disse o chefe da Economia na Câmara dos Deputados.
Medidas para reduzir consumo
Para mitigar o impacto da taxa extra na conta de luz, o governo federal anunciou uma “premiação” para consumidores que conseguirem economizar energia elétrica. O incentivo vale para consumidores residenciais, rurais, comerciais e industriais, mas as regras do programa só devem ser divulgadas em setembro.
Também nesta quarta-feira (25), um decreto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) determinou que os órgãos públicos federais deverão reduzir o consumo de energia elétrica de 10% a 20%, no período entre setembro de 2021 e 2022. As regras valem para órgãos da administração pública federal direta, autarquias e fundações.
Apesar disso, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, voltou a descartar a possibilidade de racionamento de energia. “Vou repetir, com total tranquilidade, que não trabalhamos com hipótese de racionamento, isso tem que ficar muito claro”, declarou, em entrevista coletiva. Segundo ele, as novas medidas não podem ser entendidas como racionamento.
Bandeira tarifária de setembro será divulgada na sexta-feira
A bandeira tarifária de agosto definida pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) é vermelha, patamar 2, com custo de R$ 9,492 para cada 100kWh consumidos, em função de as afluências nas principais bacias hidrográficas do SIN (Sistema Interligado Nacional) continuarem entre as mais críticas do histórico, assim como no mês de julho.
A tarifa que será adotada em setembro deverá ser divulgada pela Aneel na próxima sexta-feira (27), mas a bandeira vermelha deverá permanecer, por causa da crise hídrica provocada pela falta de chuva.
Dicas para reduzir o valor da conta de luz
Dentre as dicas trazidas pela Aneel para reduzir o impacto da taxa extra na conta de luz, estão:
- uso racional do chuveiro elétrico (banhos mais curtos e em temperatura morna)
- manutenção no ar condicionado (manter os filtros limpos e reduzir ao máximo seu tempo de utilização)
- otimizar o uso do ferro de passar (juntar roupas para passar de uma só vez e começar por aquelas que exigem menor temperatura).
- Não deixe as luzes da casa acesas sem necessidade
- Troque as lâmpadas incandecentes por lâmpadas de LED
Há 20 anos, Brasil viveu o chamado “apagão”
Em 2001, o Brasil viveu o chamado “apagão”, uma crise nacional que afetou o fornecimento e distribuição de energia elétrica, entre 1º de julho de 2001 e 19 de fevereiro de 2002, durante o segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Na época, a população se viu obrigada a rever os seus hábitos e a cortar em 20% o consumo de eletricidade, caso contrário, teria um aumento no valor da energia e corria o risco de ter a luz cortada por três dias (na primeira infração) e seis dias em caso de reincidência.
O governo ainda impõs uma sobretaxa às contas de energia superiores a 200 quilowatts/hora por mês, pagando 50% a mais sobre o que excedesse este volume. Outra sobretaxa, de 200%, foi estabelecida para contas acima de 500 quilowatts.
Famílias e empresas tomaram uma série de ações, como trocar lâmpadas e equipamentos, para reduzir o consumo de energia. Além disso, o governo federal recorreu a blecautes programados para evitar um colapso no sistema elétrico. As ruas ficaram parcialmente sem iluminação e eventos noturnos, como shows e partidas de futebol, foram proibidos.