O governo federal anunciou hoje (25) uma “premiação” para consumidores que conseguirem economizar energia elétrica. O incentivo, motivado pela crise hídrica e consequente ameaça de fornecimento de energia, vale para consumidores residenciais, rurais, comerciais e industriais, mas as regras do programa só devem ser divulgadas em setembro.
Também nesta quarta-feira (25), um decreto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) determinou que os órgãos públicos federais deverão reduzir o consumo de energia elétrica de 10% a 20%, no período entre setembro de 2021 e 2022. As regras valem para órgãos da administração pública federal direta, autarquias e fundações.
As duas novas medidas – a premiação e as metas de redução de consumo nos órgãos federais – foram anunciadas após o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) ter avaliado que há uma “relevante piora” das condições hídricas no país.
Apesar disso, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, voltou a descartar a possibilidade de racionamento de energia.
“Vou repetir, com total tranquilidade, que não trabalhamos com hipótese de racionamento, isso tem que ficar muito claro”, declarou, em entrevista coletiva. Segundo ele, as novas medidas não podem ser entendidas como racionamento.
Bandeira tarifária de setembro será divulgada na sexta-feira
A bandeira tarifária de agosto definida pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) é vermelha, patamar 2, com custo de R$ 9,492 para cada 100kWh consumidos, em função de as afluências nas principais bacias hidrográficas do SIN (Sistema Interligado Nacional) continuarem entre as mais críticas do histórico, assim como no mês de julho.
A tarifa que será adotada em setembro deverá ser divulgada pela Aneel na próxima sexta-feira (27), mas a bandeira vermelha deverá permanecer, por causa da crise hídrica provocada pela falta de chuva.
Dicas para reduzir o valor da conta de luz
Dentre as dicas trazidas pela Aneel para reduzir o valor da conta de luz, estão o uso racional do chuveiro elétrico (banhos mais curtos e em temperatura morna), do ar condicionado (manter os filtros limpos e reduzir ao máximo seu tempo de utilização) e do ferro de passar (juntar roupas para passar de uma só vez e começar por aquelas que exigem menor temperatura).
Há 20 anos, Brasil viveu o chamado “apagão”
Em 2001, o Brasil viveu o chamado “apagão”, uma crise nacional que afetou o fornecimento e distribuição de energia elétrica, entre 1º de julho de 2001 e 19 de fevereiro de 2002, durante o segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Na época, a população se viu obrigada a rever os seus hábitos e a cortar em 20% o consumo de eletricidade, caso contrário, teria um aumento no valor da energia e corria o risco de ter a luz cortada por três dias (na primeira infração) e seis dias em caso de reincidência.
O governo ainda impõs uma sobretaxa às contas de energia superiores a 200 quilowatts/hora por mês, pagando 50% a mais sobre o que excedesse este volume. Outra sobretaxa, de 200%, foi estabelecida para contas acima de 500 quilowatts.
Famílias e empresas tomaram uma série de ações, como trocar lâmpadas e equipamentos, para reduzir o consumo de energia.
Além disso, o governo federal recorreu a blecautes programados para evitar um colapso no sistema elétrico. As ruas ficaram parcialmente sem iluminação e eventos noturnos, como shows e partidas de futebol, foram proibidos.