Funcionários da Cohab Chris (Companhia Regional de Habitações de Interesse Social) de Araçatuba entraram em greve por tempo indeterminado nesta terça-feira (10). Com a paralisação, milhares de mutuários ficam com o atendimento comprometido.
Os trabalhadores em greve reivindicam o retorno dos planos de saúde, que foram cancelados em agosto do ano passado, a correção salarial nos últimos três anos e melhores condições de trabalho.
A Cohab Chris é uma empresa de economia mista intermunicipal que tem participação acionária de 34 prefeituras da região (97%) e de pessoas físicas (3%), com atuação no segmento de habitação popular para a população de baixa renda.
A empresa tem receita própria, com recursos da venda de imóveis e do pagamento das parcelas pelos mutuários. Atualmente, possui 4,5 mil contratos ativos, mas ao longo dos últimos 30 anos chegou a ter 45 mil contratos.
Tentativa de Acordo
Segundo os funcionários em greve, houve uma tentativa de negociação com o Conselho de Administrativa da empresa para evitar a paralisação, mas não houve sucesso.
“Numa atitude totalmente ditatorial e descabida, em plena pandemia do novo coronavírus, efetuaram o cancelamento do plano de saúde de todos os funcionários e seus dependentes em agosto de 2020”, afirmou o técnico de Fundos da Cohab/Chris, José Carlos Cruz.
Segundo ele, a empresa também se nega a efetuar a correção anual dos salários dos funcionários desde maio de 2019. “São praticamente três anos sem qualquer correção salarial, em uma inflação galopante, que assola a renda de todos os brasileiros”, disse.
Greve foi comunicada na semana passada
A empresa, que chegou a ter 115 funcionários no seu auge, hoje tem apenas 6, que atuam nas áreas de quitação, cobrança, jurídica, fundos e contratos. A greve foi comunicada à empresa na semana passada.
Além do cancelamento do plano de saúde e da falta de correção salarial, os funcionários reclamam, ainda, das condições de trabalho, com equipamentos e carros sucateados. “Já fui até agredido fisicamente por um mutuário”, relatou José Carlos Cruz.
Dissídio coletivo
O Sincohab (Sindicato dos Trabalhadores das Empresas Habitacionais Urbanas do Estado de São Paulo), Gerson Primiani, disse que foi realizada uma audiência de mediação no Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, em Campinas, na tentativa de se chegar a um acordo com a empresa, sem sucesso.
Ele afirmou que irá esperar uma proposta por parte da direção da empresa. Se não houver abertura para as negociações, o sindicato deverá protocolar um dissídio coletivo (ação ajuizada no Tribunal para solucionar os conflitos entre as partes).