A produção de veículos se retraiu 4,2% em julho na comparação com o mesmo mês de 2020 devido a falta de peças nas montadoras. Segundo balanço divulgado hoje (6) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), foram fabricadas 163,6 mil em julho, enquanto no mesmo mês do ano passado a produção ficou em 170,7 mil veículos.
O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, atribuiu a queda na produção, que já vinha acontecendo em junho, à interrupção das linhas de montagem em várias fábricas pela falta de componentes, especialmente os semicondutores. “Várias fábricas parando por semanas ou dias têm impactado de forma bem forte”, disse durante a apresentação dos dados.
No acumulado dos sete primeiros meses do ano, no entanto, a produção de veículos registra alta de 45,8% em relação ao período de janeiro a julho de 2020, com a montagem de 1,3 milhão de unidades. Moraes ponderou que o crescimento expressivo é a partir de uma base comparativa baixa, uma vez que no primeiro semestre do ano passado sofreu os impactos das restrições provocadas pela pandemia da covid-19. “Esse crescimento tem que ser contextualizado porque nós ficamos vários meses parados [no ano passado] por conta da pandemia”, ressaltou.
Demanda por chips
Os semicondutores são materiais usados nas partes eletrônicas dos veículos. Esse tipo de material enfrenta uma crise mundial de demanda a partir da queda de fabricação ocasionada pela pandemia da covid-19.
A forte demanda por videogames, computadores pessoais e outros eletrônicos por todos aqueles presos dentro de casa sugou o estoque de semicondutores, forçando as montadoras de todo o mundo a lutar pelos chips que se tornaram tão essenciais para a mobilidade.
Com a pandemia de Covid-19, os fabricantes de automóveis reduziram as compras de chips em antecipação à queda nas vendas. Ao mesmo tempo, os fabricantes de semicondutores mudaram suas linhas de produção para atender às demandas crescentes de chips usados em produtos como laptops, webcams, tablets e smartphones 5G. Milhares de pessoas migraram para o home-office.
Praticamente nenhuma montadora tem sido poupada. A Toyota suspendeu as linhas de produção na China. A Fiat Chrysler interrompeu temporariamente a produção nas fábricas de Ontário e do México. A Volkswagen tem alertado sobre problemas de produção em fábricas na China, na Europa e nos EUA.
Porém, as vendas de automóveis se recuperaram mais rápido do que o esperado no final de 2020, pegando todos desprevenidos. A escassez de chips que se seguiu deve durar ao longo de 2021, porque os fabricantes de semicondutores podem levar de seis a nove meses para realinhar a produção.
“O consumo de produtos eletrônicos explodiu”, disse Dan Hearsch, diretor administrativo da empresa de consultoria AlixPartners. “Todo mundo queria comprar um Xbox, um PlayStation e laptops, enquanto o automóvel estava parado. Então, o setor automotivo voltou mais rápido do que o esperado, e é aí que se chega nesse problema.”
Embora não se espere que a escassez faça com que os preços dos automóveis subam muito, os compradores podem ter que esperar mais para comprar os veículos que desejam.
Vendas de veículos novos
As vendas de veículos novos nacionais tiveram uma retração de 3% em julho na comparação com o mesmo mês de 2020, com o emplacamento de 150,9 mil unidades. Nos primeiros sete meses de 2021, foram licenciados 1,11 milhão, o que representa um crescimento de 28,6% nas vendas em relação ao período de janeiro a julho do ano passado.
Os automóveis e veículos comerciais leves registram queda de 4,5% nas vendas de julho sobre o mesmo mês do ano passado, com 138,6 mil unidades licenciadas. No período de janeiro a julho, entretanto, o segmento tem alta de 27,6%, com o emplacamento de 1,04 milhão de automóveis e veículos comerciais leves.
Os caminhões tiveram alta nas vendas de 21,9% de julho em comparação com o mesmo mês de 2020, com o emplacamento de 11,1 mil unidades. No acumulado de janeiro a julho, foram vendidas 66,9 mil unidades, o que significa um crescimento de 47,9% em relação aos sete primeiros meses do ano passado.
Exportações
As vendas de veículos para o exterior tiveram queda de 18,4% em julho em relação as exportações no mesmo mês de 2020. Foram exportadas em julho 23,7 mil unidades e 223,9 mil nos primeiros sete meses do ano. No acumulado do período de janeiro a julho, o número representa um crescimento de 50,7%.
Emprego
Em julho, as montadoras empregavam 102,7 mil pessoas, 1,2% menos do que o total de postos de trabalho abertos no mesmo mês de 2020.