Dezenas de pessoas foram às ruas em Araçatuba na manhã deste domingo (1º) pedir o voto impresso auditável. O ato, em frente à Havan, reuniu cerca de 300 manifestantes que, com um carro de som, pediram a mudança no sistema eleitoral brasileiro. Protesto semelhante foi realizado em Brasília (DF) e no Rio de Janeiro (RJ).
Houve distribuição de adesivos para carros, com os dizeres: “Voto impresso”, e arrecadação de alimentos não perecíveis que serão distribuídos a famílias em situação de vulnerabilidade social.
O protesto, organizado pela Direita da Alta Noroeste, durou pouco mais de uma hora e começou com o Hino Nacional. Na sequência, houve os discursos em prol do voto impresso auditável, defendido por Jair Bolsonaro (sem partido), e da reeleição do presidente da República.
Muitos manifestantes vestiam camisetas amarelas, portavam bandeiras do Brasil e faixas e cartazes com dizeres como: “Voto impresso auditável com contagem pública de votos”; “Voto impresso auditável. Você vota, você confere”; “Presidente, eu autorizo o senhor a agir” (numa referência a Jair Bolsonaro, que chegou a fazer declarações de que sem voto impresso não haveria eleições no País no ano que vem); e “O Brasil está refém da ditadura do STF”.
Deputados
A presidente da organização política Direita da Alta Noroeste, Gislaine Targa, disse que a manifestação não reuniu mais gente porque as pessoas estão com medo da Covid. “Por isso eles não estão aqui”, argumentou.
Ela criticou deputados federais, sem citar nomes, que são contrários ao voto impresso auditável. “Muitos eram a favor do voto impresso, mas após uma conversinha com o Barroso, dentro do Congresso Nacional, mudaram de ideia”, referindo-se ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Carlos Barroso, que preside o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Gislaine Targa pediu aos manifestantes que preparassem o espírito. “Muita coisa vai acontecer em 2022 e vai ser violento politicamente”, numa referência às eleições presidenciais do ano que vem. O gerente Osnei Ferracioli, um dos organizadores do protesto, concordou: “O negócio vai ser pesado, esta briga está muito além de nós”, falou.
Moção
Já o vereador Lucas Zanatta (PV) disse estar lutando pelo voto impresso auditável por não confiar em nenhum ministro do STF. “São 11 homens defendendo de forma monocrática como o Brasil deve funcionar”, declarou, do alto do carro de som. “Chega-se à loucura de defenderem que um departamento de software pode garantir a integridade de uma eleição, mas essa guerra não vai acabar”, completou.
Zanatta também fez um “mea culpa” em relação aos protestos organizados pela direita. “Temos perdido nossa força porque não nos organizamos”, disse. Para ele, muitos não foram ao protesto deste domingo porque participaram da motociata com Bolsonaro, nesse sábado (31), em Presidente Prudente.
O parlamentar também convidou o público a se manifestar em relação à moção, de sua autoria, em apoio à PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que prevê a adoção do voto impresso auditável. O documento irá à votação na sessão desta segunda-feira (2) da Câmara Municipal de Araçatuba. “Vocês podem não se sentir representados pela Câmara, mas mandem mensagem, passem buzinando em frente”, pediu.
Voto Impresso
A proposta do voto impresso auditável não tem como objetivo retornar ao sistema de votação em cédula de papel. O intuito é que o voto continue sendo feito na urna eletrônica, mas que após o eleitor confirmar o seu voto eletronicamente, este seja impresso, conferido e automaticamente depositado em uma urna eletrônica lacrada, sem contato direto com o papel.
Em caso de necessidade, os votos precisariam ser manipulados por outras pessoas para fazer a recontagem, o que segundo o TSE, abriria espaço para eventuais fraudes.
Para passar a valer, a proposta precisa da aprovação do Congresso Nacional. Além de Bolsonaro, deputados aliados são a favor do voto impresso auditável.
De outro lado, o TSE argumenta que a urna eletrônica já possibilita a auditoria da totalização dos votos. Segundo o Tribunal, ao término da votação, o equipamento imprime o Boletim de Urna (BU), um relatório detalhado com todos os votos digitados no aparelho. Esse documento é colado na porta da seção eleitoral para conferência dos eleitores, que podem comparar o BU apurado de forma eletrônica e divulgado no site do Tribunal.