A Rede Emancipa Araçatuba, movimento social de defesa da educação popular, protocolou um nota e um abaixo-assinado com 436 assinaturas anexadas, na Diretoria Regional de Ensino, na tentativa de sensibilizar o órgão e o Conselho da Escola Estadual Vitor Antônio Trindade, conhecida como Industrial, a reverem a decisão de apagar o mural com a ilustração da ativista política Marielle Franco.
O documento recebeu o apoio e a assinatura de professores, estudantes de diversas instituições de ensino, militantes da educação popular, jornalistas, lideranças de movimentos populares e público em geral que “estão na luta em defesa da liberdade artística, contra censura e em defesa do legado, da luta e da história de Marielle”.
O grupo considera o apamento do mural um retrocesso. “Pedimos que a dirigente de ensino atue em defesa dos princípios da gestão democrática da educação, reabrindo a decisão do Conselho Escolar e expandindo a discussão para a comunidade escolar em sua integralidade para que a democracia e a justiça sejam exercidas em uma nova decisão”, afirma um dos trechos do documento.
Entenda o caso
O mural em homenagem à Marielle Franco foi produzido a partir de uma iniciativa da comunidade escolar do Industrial e endossado pelo Conselho da escola, que é composto por alunos, pais, professores e funcionários. A ilustração foi feita pela professora de artes Roberta Baroni e pelo artista plástico Muro Soh e ficou pronta no dia 15 de agosto.
Cindo dias depois, após críticas de pais de alunos e pessoas ligadas a partidos de direita, o Conselho Escolar se reuniu novamente e deliberou pelo apagamento do mural, o que causou revolta entre artistas, professores e parte da população.
“Entendemos que essa deliberação aconteceu após pressão de grupos reacionários que insistem em dizer que a mobilização artística promovida pela comunidade escolar é um movimento de politização partidária da escola”, afirmou o documento redigido pela Rede Emancipa Araçatuba.
De outro lado, políticos como a vereadora bolsonarista Sonaira Fernandes (Republicanos) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), se manifestaram contra o mural. O filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chegou a se referir ao mural como uma forma de “culto a pessoas abortistas, desarmamentistas, pró-drogas e socialistas”.
Para a Rede Emancipa, no entanto, homenagear Marielle não é uma forma de partidarizar a instituição de ensino, mas materializar seu nome como defensora das minorias e dos direitos humanos.
Nova reunião vai decidir destino do mural
Após a polêmica, o Conselho Escolar decidiu se reunir novamente para discutir o assunto. A reunião, que será realizada de forma virtual, está marcada para às 19h desta quarta-feira (25). Em pauta, está o apagamento ou não do mural.
Quem foi Marielle Franco
Marielle Franco foi uma socióloga, política e ativista defensora dos Direitos Humanos e das minorias. Foi eleita vereadora no Rio de Janeiro com mais de 46 mil votos e assassinada em 14 de março de 2018, junto com o seu motorista, Anderson Gomes. Participou da criação de cursinhos nas favelas, por meio de projetos em defesa da educação popular.
O policial reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Elcio Queiroz foram denunciados pelo Ministério Público como os autores das duas mortes e deverão ir a júri popular.