Sonho de muitas pessoas para conquistar a estabilidade profissional e também financeira, os concursos públicos tem atraído milhares em todas as esferas, seja municipal, estadual ou federal. Candidatos se inscrevem em cursos preparatórios e se dedicam muitas vezes por vários anos para conseguir uma aprovação. Em Araçatuba, duas universitárias conseguiram aprovações em concursos que exigem formação superior, ainda na metade do curso.
A agente escolar Brenda Calegare Sales, 21 anos, acaba de ser chamada em um concurso público para o cargo de ADI (Agente de Desenvolvimento Infantil), cuja vaga exige formação em pedagogia. No entanto, apesar de já ter sido aprovada em outros quatro concursos, ela não vai poder assumir porque ainda está cursando o oitavo semestre, na FAC FEA (Faculdade da Fundação Educacional Araçatuba), uma instituição pública de direito privado sem fins lucrativos.
Brenda disse que prestou dois concursos em 2019, quando ainda estava no quarto semestre do curso, para poder exercitar. Ela disse que se surpreendeu com o grau de conhecimento e facilidade de responder as questões específicas do concurso. No início deste ano foi chamada para assumir vaga de professora na rede municipal de ensino de Araçatuba, devido a boa colocação alcançada no concurso. No entanto, não pôde assumir.
Brenda também foi aprovada em concursos públicos para professora nas prefeituras de Marília, Birigui e Valparaíso, e pode ser chamada a qualquer momento para assumir, mas se isso acontecer antes do final do ano, não poderá assumir. “Eu percebi que estava muito bem-preparada para os concursos mesmo estando ainda na metade do curso”, explicou.
A motorista de aplicativo Gabriela Silva do Nascimento, 23 anos, também prestou concurso quando ainda estava no quarto semestre, e agora foi chamada para assumir uma vaga de ADI. Assim como Brenda, não poderá assumir porque ainda está cursando pedagogia que só irá concluir no final do ano.
Ela, que também cursa pedagogia na FAC FEA, disse que se sentiu muito bem-preparada para encarar um concurso e o estágio proporcionado pela faculdade ajudou bastante. “Eu consegui dois estágios pela faculdade junto à prefeitura, por dois anos. Depois que acabou o contrato, recebi propostas de estágios em escolas particulares, mas fui trabalhar como motorista de aplicativo para poder ter mais tempo para os estudos e também pela questão financeira”, explicou.
O coordenador do curso de pedagogia da FAC FEA, Me. Luís Henrique Zago, disse que hoje os concursos públicos para área de pedagogia têm focado em avaliações que apresentam um viés operativo, ou seja, priorizam não apenas o acúmulo de informações, mas a operacionalização de conceitos em situações problemas que envolvem a prática cotidiana da profissão. Este modo de organizar avaliações vem se consolidando nas provas do ENEM bem como, nas avaliações da OAB e outras. Atendo a esta demanda o coordenador ressaltou a importância de estágios como os mencionados pelas estudantes que conjugam teoria e prática.
Nos concursos são repassadas situações problemas a serem resolvidas pelos candidatos. “Nossos estudantes têm uma vantagem porque praticamente todos participam de programas de estágio, e por isso, além do conhecimento prático, que é muito importante, recebem bolsa de estudos e ainda uma ajuda de custo”, disse ele, se referindo aos programas Pibid e Residência Pedagógica.
Apenas alunos que tem trabalho com carga horário incompatível ou que carregam DP não têm acesso aos programas de estágio e bolsas no curso pedagogia, que hoje tem nota 5 no MEC, em uma escala de 0 a 5, incluindo a faculdade no grupo de excelência das instituições do ensino superior no Brasil.