Em relatório encaminhado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, consta que o envio extra de verbas para o combate à pandemia, vem sendo usado para atender gastos de rotina, como os militares.
Segundo a colunista Malu Gaspar, do jornal o Globo, os gastos de multiplicaram de 2020 para 2021 e constam em levantamento enviado pela procuradora do Ministério Público de Contas de São Paulo Élida Graziane Pinto, ao Senado.
O pedido dos senadores pelo relatório veio após a procuradora publicar um artigo sugerindo à CPI investigar o que ela chama de caos nos gastos públicos em saúde durante a pandemia.
“A gestão sanitária da calamidade decorrente da pandemia infelizmente não foi orientada para salvar o maior número de vidas possível. A dinâmica da execução orçamentária foi muito suscetível a capturas e desvios”, afirma Élida.
O envio de verbas federais para combate à pandemia aos Estados e municípios somaram R$ 730 bilhões. Uma parcela desse valor deveria ir ao SUS, mas sem qualquer justificativa, R$ 140 milhões foram destinados ao Ministério da Defesa.
Outros R$ 80 milhões foram para a Secretaria de Aviação Civil. Quase toda a verba que foi para a Defesa – R$ 130 milhões – foi empenhado neste ano para custear 184 unidades militares que nada têm a ver com hospitais.
Os hospitais militares não integram o SUS e não permitiram o uso de leitos por pacientes civis com Covid-19. Os dados mostram que os recursos foram repassados para as comissões aeronáuticas brasileiras em Washington (R$ 55 milhões) e na Europa (R$ 7,8 milhões), para a Comissão do Exército Brasileiro em Washington (R$ 3,113 milhões) e para o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (R$ 1,067 milhão).
O Ministério da Defesa também levou uma parte do dinheiro que não era destinado ao SUS, mas também deveria servir para o combate à pandemia, o chamado Orçamento de Guerra, e usou para despesas de rotina, sem relação direta com a Covid-19 – como a compra de veículos de tração mecânica (R$ 22 milhões) ou uniformes (R$ 1,2 milhão).