Os frequentes aumentos no preço dos combustíveis, o alto custo agregado para manutenção dos veículos, as restrições causadas pela pandemia do novo coronavírus e a falta de reajuste na tarifa tem gerado uma debandada de motoristas de aplicativos em Araçatuba e região, no interior de São Paulo.
Só para se ter uma ideia, há três anos cerca de 1200 profissionais atuavam na região. Hoje, o número é de aproximadamente 300 motoristas, com tendência de queda.
Como o litro da gasolina a R$ 5,80 e do álcool a média de R$ 4 em alguns postos da região a categoria vive um drama. Com a redução do ganho mensal, os motoristas de aplicativos temem ter que “pagar para trabalhar”.
É o caso de Tiago dos Reis, representante da Associação dos Motoristas por Aplicativo de Araçatuba e Região. Ele explica que muitos motoristas desistiram da profissão em razão do alto custo necessário para a operação diária.
“A manutenção do veículo está muita cara; o preço do combustível sobe sem qualquer política de controle e tudo vem aumentando de preço, menos os repasses aos profissionais, e diante disso tudo estamos praticamente pagando pra trabalhar. Enfim, os motoristas vem sendo explorados pelas grandes operadoras multinacionais”.
“Os nossos lucros diminuem porque a tarifa não tem nenhum reajuste – por parte do aplicativo. Tudo teve aumento no mercado: gasolina, manutenção de carro, troca de óleo. E as tarifas não”, observou.
Muitos profissionais atuavam com carro alugado, a um custo médio de R$ 2 mil por mês. Com a atual situação, é impossível, segundo Tiago dos Reis, bancar todo o custo de operação e ainda bancar o aluguel do veiculo.
A queda do número de passageiros por conta da pandemia foi outro fator negativo. Nos primeiros meses do ano, o mercado estava praticamente parado. Mesmo em data de pagamento, motoristas ficavam horas sem receber chamados.
De acordo com Reis, a situação também promoveu um esvaziamento de motoristas no grupo da associação. “O número caiu de 250 para 150 e essa queda tem sido constante”.
O motorista observa que a tarifação por corridas chega a 42%. “Empresas como Uber e 99 cobram do passageiro R$ 1,55 o quilômetro quando o passageiro está dentro do carro e nos repassam R$ 1,02, sendo que R$ 0,30 é para combustível. Nisso, nos sobra R$ 0,72 pra todas as outras despesas e ai fica difícil levar o sustento para nossa casa, a conta na fecha. Estamos há três anos e meio sem qualquer tipo de reajustou de repasse e isso é desumano”, lamenta Tiago dos Reis.