O jornalista Anselmo Borges de Carvalho faleceu nessa segunda-feira (19), aos 75 anos de idade, na Santa Casa de Araçatuba, onde estava internado desde a sexta-feira (16), quando passou por atendimento no pronto-socorro municipal e foi transferido para o hospital com suspeita de Covid-19.
Anselmo trabalhou vários anos no extinto Jornal da Cidade, cuja sede ficava na rua Carlos Gomes, região central da cidade. Não tinha muita prática na escrita, mas era um excelente entrevistador, conseguindo arrancar informações preciosas do entrevistado que deixava registradas em seu gravador inseparável.
O amigo e colega de trabalho nos tempos de jornal, o fotógrafo Angelo Cardoso lembra que, numa resposta ao Anselmo, durante uma coletiva coletiva, o então ministro dos Transportes Eliseu Padilha comparou o rei Pelé com asfalto, o que repercutiu em toda a imprensa nacional.
“Já entrevistamos o Airton Sena, em São Paulo, e, certa vez, o Anselmo chamou a atenção do líder ruralista Ronaldo Caiado, hoje governador de Goiás, que estava fazendo campanha presidencial e havia chegado atrasado para a entrevista. O Mário Covas e o Geraldo Alckmin gostavam muito dele e, muitas vezes, concediam exclusivas para ele”, contou. “A gente viveu grandes histórias no jornal. Muitas risadas, muito trabalho e muitos momentos tensos, mas que deixaram saudades”, completou Cardoso.
O jornalista nasceu em Ribeiro do Vale, distrito de Guararapes, em 1946. Com o fim do Jornal da Cidade, o jornalista montou o semanário “Vitrine”, que circulava em Araçatuba. Além do jornalismo, manteve uma loja de roupas por muitos anos na rua Anita Garibaldi, centro de Araçatuba.
Debilitado
Nos últimos anos, Anselmo estava com a saúde bem debilitada. Tinha diabetes e outras comorbidades, segundo familiares. No dia 18 do mês passado, o jornalista Fábio Ishizawa, do Regional Press, se encontrou com ele na porta da Câmara Municipal e contou que Anselmo estava machucado e andando com um bengala.
“Na ocasião, ele contou que havia sido atropelado por um motociclista que não prestou socorro. Estava com faixas no joelho e no cotovelo. Naquele dia, o levei à UBS (Unidade Básica de Saúde) da Rua São Paulo”, disse Ishizawa, que foi contemporâneo de Anselmo no Jornal da Cidade. “Ele era uma pessoa muito bacana, se fazia passar por ranzinza e, por isso era sempre alvo de brincadeiras, mas levava tudo na esportiva”, relembrou.
Anselmo era divorciado e tinha três filhos, dois deles residem fora do País e o outro, no Rio de Janeiro. Como apresentou problemas no pulmão durante a internação na Santa Casa, o jornalismo foi submetido ao exame de Covid, mas o resultado ainda não saiu.
Em função da suspeita da infecção pelo novo coronavírus, não houve velório. Seu corpo foi sepultado no Cemitério Recanto de Paz, no Rosele, em Araçatuba, nessa segunda-feira (19).