O preço do GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), o popular gás de cozinha vendido em botijões de 13 kg, subiu 36% em um ano, em Araçatuba, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). O produto era comercializado a R$ 70,00, em julho do ano passado, e agora é vendido por até R$ 95,00 em alguns estabelecimentos.
No ano, o aumento acumulado é de 26,6% – em janeiro de 2021, o botijão de 13 kg custava R$ 75,00, conforme o levantamento de preços semanal realizado pela ANP.
As constantes altas vêm ocorrendo desde que a Petrobras mudou a sua política de reajustes, que passou a ter como referência o preço de paridade de importação, acrescido dos custos do frete marítimo, despesas internas de transporte e margem de remuneração dos riscos da operação.
Em 2021, foram seis altas até agora, quase uma por mês, totalizando 33 pontos porcentuais, sendo 6% em janeiro, 5,1% em fevereiro, 5% em março, 5% em abril, 6% em junho e 6% em julho.
A alta mais recente ocorreu nesta semana, quando a estatal anunciou um novo reajuste, desta vez, de 6%, no preço médio de venda do GLP para as distribuidoras, que passou a ser de R$ 3,60 por kg, um aumento médio de R$ 0,20, que foi repassado aos revendedores e, consequentemente, aos consumidores.
Em Araçatuba, nesta semana, o produto teve uma alta de até R$ 8,00. Em uma revenda localizada no Ipanema, o botijão era vendido a R$ 75,00 para retirar e a R$ 80,00 para entrega. Agora, passou a custar R$ 83,00 e R$ 85,00, respectivamente.
Em outra revendedora, localizada no Umuarama, o GLP era comercializado a R$ 80,00 na portaria e a R$ 85,00 para entrega e passou a ser vendido a R$ 85,00 (para retirar) e a R$ 90,00 (entrega).
Na região, o produto é vendido por até R$ 95,00 em Birigui; de R$ 95,00 a 100,00, em Santo Antônio do Aracanguá; de R$ 90,00 a R$ 95 em Penápolis; e de R$ 100,00 a R$ 105,00 em Andradina. Em Araçatuba, o menor preço praticado hoje é de R$ 83,00 e o máximo de R$ 95,00.
Impacto
O economista e pesquisador da economia regional Marco Aurélio Barbosa afirma que a alta acumulada no preço do gás de cozinha traz relevantes impactos para o orçamento familiar, em especial para as mais vulneráveis e com menor poder aquisitivo.
“Isso pesa no bolso das famílias, em um contexto de elevação da taxa da inflação, levando as pessoas a destinarem uma parte maior da renda para a aquisição do produto”, explicou.
Ele destaca que, diferentemente de outros bens e serviços, o gás é um produto essencial e de difícil substituição, estando presente em praticamente todos os lares brasileiros, sendo fundamental para a preparação dos alimentos do dia a dia.
Pressão
O comerciante César Augusto Zacarias Afonso afirmou que o que mais ouve é reclamação de preços por parte do consumidor. “Eles acham que a gente ganha muito e acabamos trabalhando sob pressão, todo muito reclama, mas as pessoas têm que entender que quem sobe os preços é a Petrobras e que nossa margem de lucro é pequena”, disse.
Conforme ele, os revendedores não conseguem repassar todos os reajustes ao consumidor. “Os preços sobem todo mês e não dá mais para um depósito se manter somente com a venda de gás”, afirmou, destacando que sua principal renda, hoje, é com a venda de água mineral.
Ele relata, ainda, que passou a revender também ração, produto de limpeza e de piscina para compensar a margem de lucro cada vez mais apertada com a venda do GLP.
Consumidor
A vendedora Elisabeth Soares, 36 anos, de Araçatuba, disse que passou a cozinhar muito em casa após a pandemia, principalmente assados, e já sente o impacto das constantes altas do preço do GLP. Ela conta que um botijão de gás dura, em média, 50 dias.
“Comprei um botijão há 20 dias e paguei R$ 85,00; daqui a 30 dias vou ter de comprar de novo e nem sei quanto vai custar”, afirmou, destacando que vai ter de deixar outros itens para adequar o aumento no seu orçamento.
Altas praticadas pela Petrobras em 2021:
Janeiro – 6%
Fevereiro – 5,1%
Março – 5%
Abril – 5%
Junho – 6%
Julho – 6%
Fonte: Petrobras