Uma granja localizada em Santo Antônio do Aracanguá (SP), a 38 quilômetros de Araçatuba (SP), foi a responsável por fornecer ovos embrionados para o desenvolvimento da vacina ButanVac, de produção nacional, e que iniciou os testes em voluntários na última sexta-feira, dia 9, na USP (Universidade de São Paulo), de Ribeirão Preto (SP).
Cerca de 11 milhões de ovos, produzidos pela Globobiotech – braço tecnológico do grupo Globoaves -, foram enviadas para o Instituto Butantã, no final do mês de abril, informa o Diário Noroeste. O quantitativo foi suficiente para os cientistas brasileiros iniciarem os estudos de produção do imunizante contra a Covid-19.
Além da unidade de Santo Antônio do Aracanguá, o quantitativo de ovos para a ButanVac também foi produzido nas unidades de Brotas (SP) e Itirapina (SP), ambas na região de São Carlos (SP). O Diário Noroeste também apurou que a Globobiotech trabalha na expansão da produção, ampliando a unidade da empresa em Goiatuba (GO) para a produção dos embriões.
A empresa, que está instalada na zona rural de Santo Antônio do Aracanguá desde 2014, também trabalha na produção de ovos embrionários para a produção da vacina contra a H1N1.
Estudos
Inicialmente, o estudo clínico vai avaliar se a vacina é segura. Em um segundo momento, será estudada a resposta imunológica que os participantes do estudo desenvolverão. O estudo clínico da ButanVac será de comparação, ou seja, os resultados da pesquisa serão comparados aos das vacinas já descritas, permitindo inferir a eficiência da vacina.
Nos ensaios clínicos tradicionais, é feito um paralelo entre o grupo vacinado e um grupo controle. Mas, como os marcadores imunológicos e parâmetros de segurança já foram estabelecidos pelas demais vacinas em uso, espera-se que os resultados dos estudos clínicos com a ButanVac fiquem prontos mais rapidamente. Os resultados vão determinar se a vacina é segura, se é capaz de prevenir a Covid-19 e como será seu desempenho diante das novas variantes.
Como a vacina é produzida em ovos?
A ButanVac vem sendo chamada de vacina 2.0 contra a COVID-19. Sua principal vantagem é que ela será produzida inteiramente no Brasil, já que é desenvolvida a partir da inoculação de um vírus modificado que contém a proteína S do SARS-CoV-2 em ovos embrionados de galinhas – mesma tecnologia da vacina contra a influenza (gripe). Além de ser barata e muito disseminada, essa técnica é uma especialidade do Butantan: o instituto produz anualmente 80 milhões de vacinas da gripe usando ovos.
A tecnologia da ButanVac utiliza um vetor viral que contém a proteína Spike do novo coronavírus de forma íntegra. O vírus utilizado como vetor é o da doença de Newcastle, uma infecção que afeta aves. Essa tecnologia foi desenvolvida por cientistas na Icahn School of Medicine de Mount Sinai, em Nova York. A proteína S estabilizada do vírus SARS-CoV-2 utilizada na vacina com tecnologia HexaPro foi desenvolvida na Universidade do Texas em Austin.