Em sua live semanal o presidente Jair Messias Bolsonaro (sem partido) voltou a colocar em dúvida a eficácia da CoronaVac, vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo.
“Abre logo o jogo que tem uma vacina aí que infelizmente não deu certo. Abre logo o jogo. Eu estou aguardando aquele cara de São Paulo falar”.
A fala do mandatário veio após ler uma notícia de casos de reinfecção em vacinados com a variante delta, cepa mais contagiosa e potencialmente mais letal que as demais.
“Não deu certo essa vacina dele infelizmente no Chile. Aqui no Brasil também parece que está complicado. Torcemos para que essas notícias não estejam certas, parece que infelizmente não deu muito certo”, continuou o presidente.
Mas o presidente erra ao afirmar que não “deu certo” a CoronaVac. Um exemplo robusto é o caso de Serrana (SP), onde 95% da população alvo recebeu duas doses da vacina, em estudo do Butantan, e viu os casos de mortes despencarem.
De acordo com os dados divulgados pelo instituto, a estratégia foi capaz de reduzir em 95% as mortes e em 86% as internações .
No caso do Chile, segundo os infectologistas, os casos de mortes e internações ocorrem na grande maioria em pessoas não vacinadas.
Para a chefe do departamento de epidemiologia da Universidad de los Andes de Santiago, é preciso reforçar as medidas de restrição. “As pessoas estão perdendo o respeito às medidas e não ficam em casa”, afirma.
É necessário manter as medidas sanitárias enquanto a vacinação avança. No Brasil não é diferente, onde vemos o afrouxamento das medidas restritivas e muitas vezes incentivadas pelo próprio presidente.
Ainda, segundo especialistas, as taxas de eficácia dos imunizantes não podem ser comparadas diretamente porque cada estudo tem sua metodologia própria.
Enquanto a CoronaVac foi testada em profissionais da saúde, outras usaram cidadãos comuns, sem ligação com a área da saúde.
No primeiro caso, o risco de contaminação é muito maior entre os profissionais da linha de frente do que na população em geral.
Outro detalhe: a percepção de qualquer variável é mais fácil “sentida” e relatada pelos profissionais da saúde, enquanto alguns sintomas passariam despercebidos por pessoas sem treinamento.