O caminhoneiro de 46 anos que foi preso em flagrante por policiais militares após provocar um tiroteio na rua Bandeirantes, em Araçatuba, no início da noite deste domingo (28), havia se envolvido em uma discussão com seguranças de uma casa de shows minutos antes por se recusar a usar máscara seguindo as normas do estabelecimento em função das medidas sanitárias devido a pandemia da Covid-19.
De acordo com o boletim de ocorrência, o homem, que mora em um apartamento na rua Aviação, estava no interior do estabelecimento quando seguranças chamaram sua atenção porque ele não estava cumprindo as normas da casa, para uso de máscara. Foi solicitado então para que se retirasse do local, mas visivelmente alterado, ele se recusou.
Os seguranças reconheceram dois policiais militares que estavam de folga no local e pediram apoio para que ajudassem a retirar o homem do estabelecimento. Segundo as testemunhas, não houve agressões ou exibição de arma de fogo na retirada do caminhoneiro.
Após ser colocado para fora, o homem foi até seu veículo, um Golf branco, e saiu em alta velocidade, deixando um amigo na via pública. Minutos depois os dois policiais que tinha ajudado a retirar o caminhoneiro viram ele se aproximando portando uma pistola.
Um dos policiais correu para trás de uma caçamba de entulho e o outro se abrigou atrás de um carro. O acusado passou a atirar na direção dos policiais e um deles deu dois tiros em direção ao caminhoneiro para tentar cessar o ataque. Mesmo assim o homem continuou atirando.
O policial que sofreu um ferimento na mão e não soube se era devido a algum dos disparos, ainda efetuou mais dois tiros de advertência e percebeu que o caminhoneiro parou de atirar e entrou em seu carro.
Policiais militares já tinham sido acionados e quando uma equipe chegou ao local viu o indiciado ao lado de seu veículo, o qual entrou rapidamente e tentou efetuar uma manobra em marcha ré. O veículo estava estacionado sobre a calçada da avenida dos Araçás.
A equipe fechou a saída do carro com a viatura e o caminhoneiro desceu. Em vistoria no veículo foi localizado um coldre preto. Ao lado do carro os policiais encontraram uma pistola calibre 380, municiada com nove cartuchos intactos, com um carregador com capacidade para 15 (quinze) munições. O caminhoneiro negou ter efetuado disparos de arma de fogo e negou ter se envolvido em qualquer confusão.
Uma segurança da casa disse que após a retirada do indiciado, ouviu uma pessoa dizendo que ele iria buscar uma arma. Em seguida viu o caminhoneiro voltando a pé com a arma na mão e em seguida atirando contra os policiais que havia ajudado os seguranças a retirá-lo do local. Os policiais também confirmaram a versão desta testemunha.
Outro segurança disse que após atirar contra os PMs o homem ainda tentou entrar no estabelecimento, mas com a ajuda de um amigo o convenceu a não entrar. As vítimas concordaram em realizar o exame residuográfico, mas o caminhoneiro se recusou. Ele também não concordou em passar pelo teste do etilômetro (bafômetro).
O homem negou ter efetuado disparos de arma de fogo e negou ter se envolvido em qualquer confusão. No local dos fatos havia alguns estojos de pistolas calibre 380 e .40. Dois veículos de clientes do estabelecimento apresentavam danos provocados pelos tiros.
No plantão policial o indiciado chegou a chorar, a repetir que não era ele quem disparou, como se estivesse arrependido dos fatos. Ele não tem porte de arma e no momento do interrogatório formal permaneceu calado. O caminhoneiro já tem passagem por roubo, falsa identidade e fuga de local do acidente.
O delegado plantonista entendeu que os policiais de folga agiram de forma correta seguindo corretamente o protocolo de atuação da Polícia Militar, e que o indiciado faltou com a verdade, colocou a vida de terceiros em risco, atingiu veículos que estavam estacionados no local, havendo indícios suficientes para a prisão e flagrante por tentativa de homicídio. Ele ficou detido à disposição da Justiça.