O Dicionário “Oxford Languages” define como estadista a pessoa versada nos princípios e na arte de governar, envolvida ativamente na condução dos negócios de um governo e em sua política. Demagogo, segundo a etimologia da palavra (grego demagogós.o), é aquele que lidera ou age em favor de um povo (conceito antigo).
No conceito pejorativo (e atual), demagogo é aquele que manipula os interesses populares, através do discurso. Ser chefe de Estado (presidente, rei ou rainha) não significa ser estadista. Winston Churchill, considerado pela história um estadista, então primeiro-ministro do Reino Unido, fez a feliz distinção: “A diferença entre um estadista e um demagogo é que o demagogo decide pensando nas próximas eleições, enquanto o estadista decide pensando nas próximas gerações”.
O que define se um chefe de Estado será ou foi um estadista são as suas ações e as políticas públicas adotadas para o futuro de novas gerações, visando o bem comum do seu povo. Políticos estadistas são poucos, contam-se nos dedos, como os amigos de verdade.
O historiador Leandro Karnal expõe de modo peculiar que existe o estadista “para o bem e para o mal”, ou seja, é o político que pensa e olha para o futuro, mas pode ter boas ou más intenções. A pergunta é: Para governar e representar nosso país queremos estadistas ou demagogos? A resposta parece óbvia, mas não é simples.
O Brasil precisa de verdadeiros estadistas para avançar no cenário mundial e se tornar um país desenvolvido, com a economia estável, ter saúde e educação de qualidade, gerando empregos e mantendo relações diplomáticas amistosas com os demais países.
Na história do Brasil já tivemos chefes de Estado considerados estadistas, como exemplo, Juscelino Kubitschek, mas, também, outros apontados como demagogos, letárgicos, corruptos, medíocres e inconsequentes, segundo a história ou a justiça.
Para a escolha correta numa eleição é importante observar a vida pública e privada do candidato, ou seja, qual o seu perfil e a sua história, para não se comprar “gato por lebre”. É assim que temos que “procurar” um estadista, para não sermos enganados e sofrermos as consequências depois das eleições.
O voto é a solução para isso, sendo o meio legítimo de o cidadão escolher um estadista (se disponível) como seu representante e por consequência repelir um demagogo. Qual a relevância de o artigo primeiro da Constituição da República Federativa do Brasil estabelecer que “todo o poder emana do povo”, se de fato o povo, ou seja, nós, não escolhermos bem os nossos representantes? Num estado que se intitula “democrático de direito”, para efetivamente o poder “emanar do povo” ou ter nele a sua origem, o voto deve ser utilizado com consciência. Depois, não vale “chorar pelo leite derramado”.
*Adelmo Pinho é Promotor de Justiça em Araçatuba (SP)