Diagnosticado aos três anos de idade com AME Tipo 2 (Atrofia Muscular Espinhal ou Amiotrofia Espinhal), Ernesto Pereira Lemos sofre degeneração de neurônios motores localizados na medula espinhal que o impede de ter força muscular, causando fraqueza nos braços, nas pernas e no tronco, consequentemente enfraquecimento da musculatura respiratória e da deglutição. Para movimentar-se, ele depende da ajuda de outras pessoas e do uso de equipamentos.
Hoje, aos 45 anos, o morador de Araçatuba acaba de receber do CER Ritinha Prates (Centro Especializado em Reabilitação) uma nova cadeira de rodas motorizada. É a segunda que ele recebe na unidade, sendo a primeira em 2017, que foi inutilizada com o passar do tempo.
“Ela (a cadeira de rodas) me dá autonomia e melhora a minha autoestima, pois posso fazer coisas que antes dependia de alguém para me ajudar. Por exemplo, agora eu faço sozinho pequenas coisas que antes não conseguia, como ir até a frente de casa atender alguém, ou me movimentar até a geladeira e abrir a porta. Parece pouco, mas para mim faz uma enorme diferença. A vida muda. É como se eu me libertasse de uma prisão”, afirma Lemos.
A fisioterapeuta Natália Clemente Batista, que atende o usuário, explica que o tratamento semanal de Lemos inclui, além de fisioterapia para manutenção dos sistemas motor e respiratório, atendimento com ortopedista e psicóloga. Ela também comenta que a cadeira dispensada a ele foi adaptada na unidade para proporcionar mais conforto.
“Adaptamos apoios de braços, assento anatômico e cinto de segurança para o tronco. Tudo para deixar o equipamento mais funcional, para melhorar o desempenho dele no uso do dispositivo”, comenta Natália.
De acordo com a profissional, antes de retirar a cadeira de rodas, o usuário passa por treinamentos para o uso seguro do equipamento.
“Nós treinamos os usuários pelo tempo que for necessário. Esse treino é realizado em diferentes terrenos, simulando situações e dificuldades que o usuário passa diariamente. E o dispositivo é dispensado no momento que o paciente está apto para conduzir a cadeira sem trazer riscos a ele e a terceiros.”
Desde 2015, quando o CER foi inaugurado, cerca de 2.500 usuários ganharam cadeiras de rodas, de vários modelos. Os pacientes são moradores dos 40 municípios do Noroeste Paulista que fazem parte da área de atuação do DRS-2 (Departamento Regional de Saúde), e receberam gratuitamente, por meio do SUS (Sistema Único de Saúde), equipamentos de diversos modelos, como cadeira monobloco, motorizada, de banho com aro de propulsão, de banho com recline, de banho em concha infantil.
O coordenador do setor de fisioterapia do CER, Marcos Adriano Mantovan, explica que o usuário deve estar atento e seguir critérios para ter acesso aos equipamentos. “O primeiro passo é procurar a UBS mais próxima. Constatada a necessidade do usuário, a solicitação é enviada à Secretaria Municipal de Saúde de Araçatuba, que nos encaminha o documento. Depois disso, uma avaliação é agendada no CER. No final, estando tudo certo, o usuário recebe o equipamento adequado”, detalha Mantovan.
FAEC e CER
As cadeiras de rodas são adquiridas pelo CER por meio do Fundo de Ações Estratégicas e Compensação (FAEC) criado pelo Governo Federal em 1999, com a finalidade de arcar com os pagamentos dos procedimentos de alta complexidade em pacientes com referência interestadual, próprios da Câmara Nacional de Compensação, e dos decorrentes da execução de ações consideradas estratégicas.
Inaugurado oficialmente no dia 26 de agosto de 2015, o CER Ritinha Prates é um ponto de atenção ambulatorial especializada em atendimento especializado em reabilitação, concessão, adaptação e manutenção de tecnologia assistiva, constituindo-se em referência para a rede de atenção à saúde no território.
Todo o atendimento realizado no CER é realizado de forma articulada com os outros pontos de atenção da Rede de Atenção à Saúde, por meio de Projeto Terapêutico Singular, cuja construção envolverá a equipe, o usuário e sua família.
O equipamento da AAERP é direcionado ao atendimento de pessoas com deficiências auditiva, física e visual, de qualquer os sexos e idades encaminhadas pelos serviços de saúde da região de abrangência da DRS II.
O objetivo é promover o estabelecimento e cumprimento das ações voltadas à qualidade de vida desse segmento, assegurando a igualdade de oportunidades às pessoas com deficiência.
A garantia deverá resultar no provimento de condições e situações capazes de conferir qualidade de vida, com a plena observância do arcabouço legal específico, como é o caso do Decreto nº 3.298/99 e a Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência.