Não é de hoje que o cão, considerado o melhor amigo do homem, é empregado em atividades policiais no mundo inteiro. Além de trazer alegria para dentro de tantas casas, os cachorros têm se tornados grandes parceiros do efetivo da Polícia Militar do Estado de São Paulo há mais de 60 anos. Esse é o caso de dez cães europeus, que desde o segundo semestre de 2020, integram o Canil da instituição.
Com impacto psicológico que demonstra expertise, os cães são utilizados como uma ferramenta de menor potencial ofensivo, em ocorrências em que o policial precisa usar a força física, e no apoio em ocorrências que o policial não conseguiria localizar entorpecentes ou explosivos a olho nú, já que possuem muita agilidade em detecção e excelência em dissuasão e contenção.
Noah, Jack, Rollo, Mike, Dick, Bady, Machi, Billy, Kazan e Aischa, de raças Pastor Alemão e Belga Malinois, foram escolhidos por oficiais veterinários e cinotécnicos do 5º Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) – Canil, em polos criadores de cães policiais na Holanda, República Tcheca e Suécia. Eles chegaram à unidade em meados de agosto, exceto o último que chegou no início do mês seguinte, e juntos iniciaram o treinamento.
A seleção foi realizada com base em características especificas e adequadas ao desempenho da função almejada. Estes atributos envolvem condições físicas, cognitivas e pré-disposição a apresentarem comportamentos específicos para o treinamento direcionado às habilidades que deverão desempenhar no trabalho.
As instruções tiveram início no mês de setembro, quando os animais permaneceram em análise comportamental e treinamento com as equipes do Departamento de Cães. Em outubro, ficaram à disposição do curso de Cinotecnia com seus respectivos condutores que frequentaram o curso, exceto Kazan e Jack que foram designados para seus líderes na equipe de explosivos.
Desde dezembro permanecem com seus respectivos condutores com direcionamento e supervisão de treinamento pelas equipes do Departamento de Cães. As instruções, que foram concluídas no final de maio, ocorreram conforme o Programa de Treinamento do Canil Central da PMESP, seguindo a partir do 2º ciclo, tendo em vista a idade em que os cães chegaram ao Brasil.
O treinamento foi realizado com o objeto de proporcionar melhor adequação e adaptação dos cães à realidade e contexto operacional. Ao final do adestramento, os animais estão aptos para atuarem nas funções de cão de patrulhamento, imobilização e na detecção de drogas e explosivos.
Instruções em etapas
O 2º ciclo, que foi o de Direcionamento para a Função (Detecção de Drogas), ocorreu entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021. Nesta etapa, foram desenvolvidas habilidades com ambientação externa em possíveis áreas de atuação, busca olfativa em possíveis áreas de atuação, modelagem da indicação passiva, condicionamento físico, resistência e agilidade, obediência funcional e habituação a estímulos sonoros.
Já no 3º ciclo ‘Detecção de Odores em Laboratório’, que foi realizado entre fevereiro e março, foi possível e estabelecer um padrão de treinamento que viabilize a formação de operadores e cães de todos os Canis Setoriais da PMESP, comunicação clara e funcional, varredura com guia e sem guia, controle de objetivos preestabelecidos, varredura detalhada e aleatória, autonomia do trabalho do cão, modelagem indicação passiva, treinamento condutor, redução da Contaminação e maior disponibilidade odores controle.
No 4º ciclo – Transição de Ambientes – que começou em abril e foi concluído em maio, foram realizadas transições do trabalho de detecção para ambientes internos (residências, galpões, edificações), externo (ruas, vielas, comunidades), para veículos (automóveis, ônibus, aviões) e para bagagens (em bagageiros, aeroportos, avenidas).
Filhotes
Recém-chegado da europa, Kazan já realizou um cruzamento e é pai de uma ninhada que nasceu no dia 2 de junho. Os filhotes seguem o treinamento o Programa de Treinamento desde o 1º Ciclo de Treinamento, iniciando ao terceiro dia de vida.
Nesta primeira etapa, são submetidos a estimulações neurológica precoce, olfativa e agressão predatória em matilha; manipulações neonatais; ambientação em áreas internas; socialização interespecifica e coespecifica; habituação a estímulos sonoros; adaptação a equipamentos de treinamento; condicionamento físico em pista de aplicação e musicoterapia.
Depois seguirão o mesmo cronograma dos demais cães. Eles serão distribuídos conforme características comportamentais que apresentarão.
Sobre o Canil
No Estado, a PM tem em seu efetivo canino de cerca de 300 animais das raças pastor Alemão, pastor Belga Malinois, pastor Holandês, Santo Humberto, Rottweiler e Labrador. Em agosto de 2019, o 5º BPChq foi criado e ampliou as funcionalidades do Comando de Policiamento de Choque (CPChq), sendo responsável pela organização e doutrina de todos os cães.
Mais de 200 policiais militares, com o apoio de 55 viaturas e 60 cães que foram doados, integram a unidade especializada, sediada na zona norte da capital. Os profissionais, voluntários de todas as unidades da PM, passaram por entrevistas de análise de perfil para a atividade e foram submetidos a um treinamento com duração de 60 dias. Os cães foram treinados pelo período de um ano.
As atividades desempenhadas com apoio do cão policial figuram entre os recursos de maior destaque no combate à criminalidade executados pela PM. Ao longo do ano passado, as atuações com apoio do Canil resultaram na prisão de 82 pessoas, sendo 19 procurados capturados, além da apreensão de mais de 2,7 toneladas de drogas e de 39 armas de fogo.
Somente nos primeiros quatro meses desse ano, de janeiro a abril, 17 pessoas foram detidas, sendo nove presos e oito procurados da Justiça foram capturados. No mesmo período, 17 armas ilegais foram retiradas de circulação e mais de 683 quilos de entorpecentes foram recolhidos.