O médico Lauro Henrique Fusco Marinho, réu no processo que resultou da Operação Raio-X,acaba de ser preso por uma equipe do GOE/Deic (Grupo de Operações especiais da Divisão especializada em Investigações Criminais) da Polícia Civil. Ele foi preso em sua casa em um condomínio em Birigui.
Ele foi apresentado na CPJ (Central de Polícia Judiciária) de Araçatuba e depois encaminhado ao CDP (Centro de Detenção Provisória) de São José do Rio Preto. A prisão se deu em função da revogação da prisão domiciliar concedida ao médico pelo STF, validando novamente sua prisão preventiva.
No dia 11 de maio, um dia após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, ordenar que um novo exame de saúde deveria ser feito em Lauro Henrique Fusco Marinho, policiais da Deic cumpriram três mandados de busca e apreensão, na casa do médico, e também na casa e na clínica de um irmão dele.
A ação foi a 4ª fase da “Operação Raio – X”, destinada ao cumprimento de mandados de busca e apreensão relacionados à investigação sobre a emissão de relatório médico falso em favor do médico Lauro Henrique Fusco Marinho.
Marinho e o médico Cleudson Garcia Montali estavam presos no Centro de Ressocialização de Araçatuba e foram soltos no dia 16 de abril com base em decisão do Ministro Gilmar Mendes, que acatou os pedidos que tinham como alegação o estado de saúde dos médicos, que não teriam condições de ficarem encarcerados.
A Polícia Civil já havia realizado uma operação que apreendeu documentos na residência de dois médicos e uma clínica e um laboratório em Birigui, e constatou que laudos falsos teriam sido utilizados no pedido de regime domiciliar para Montali.
Meme
Lauro Fusco Marinho virou meme com a frase “Viva México” e uma imagem segurando um drink em uma piscina em uma de suas viagens ao exterior, cujo vídeo foi veiculado no Fantástico na semana em que foi desencadeada a “Operação Raio-X”. Ele também foi alvo de reportagem em rede nacional sobre sua adega, avaliada em mais de R$ 1 milhão.
Operação
A “Operação Raio-X” foi deflagrada em 29 de setembro do ano passado, na região de Araçatuba, para desmantelar um grupo criminoso especializado em desviar dinheiro destinado à saúde mediante celebração de contratos de gestão entre municípios e Organizações Sociais.
De acordo com o Ministério Público, o grupo teria cometido os crimes de organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e ativa e falsidade ideológica. Na ocasião, pelo menos 50 pessoas foram presas.
Investigação
A investigação, que conta com Inquéritos Policiais instaurados junto às comarcas de Penápolis e Birigui, teve a duração de aproximadamente dois anos, período este em que foi desvendado um gigantesco e sofisticado esquema de corrupção envolvendo agentes públicos e o desvio de milhões de reais em prejuízo da saúde.
Conforme o Ministério Público, a organização era liderada pelo médico Cleudson Garcia Montali, que por meio de suas organizações sociais (Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Birigui e Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Pacaembu), celebrou contratos de gestão mediante licitações fraudulentas com o poder público para administrar a saúde de diversos municípios e desviou parte do dinheiro repassado por força do contrato de gestão às OSs. O grupo, que tinha a participação de políticos, teria desviado R$ 500 milhões que deveriam ter sido investidos em hospitais e no tratamento da Covid-19.
A Operação Raio X também efetuou prisões e buscas em municípios do Estado de São Paulo e dos estados do Pará, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.