O médico Cleudson Garcia Montali, 46 anos, apontado como líder de uma organização acusada de desviar cerca de R$ 500 milhões de verbas da saúde, foi preso novamente neste domingo (2) e hoje (3) foi transferido para o CDP (Centro de Detenção Provisória) de São José do Rio Preto.
Montali estava preso no Centro de Ressocialização de Araçatuba e havia sido solto no dia 16 de abril com base em uma decisão assinada pelo ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal). No pedido de habeas corpus, o advogado Marcos Aparecido Dona, de Birigui, alegava problemas de saúde.
No entanto, após suspeitas de fraude nos laudos médicos, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca na residência de dois médicos, além de clínica de um deles e laboratório do outro investigado, com o objetivo de levantar materiais para investigação dos laudos apresentados junto ao pedido de habeas corpus. Um dos médicos confirmou à polícia que assinatura em um dos laudos não seria dele.
Montali foi preso por às 12h30 deste domingo na casa do sogro dele, em Clementina, por policiais do GOE (Grupo de Operações Especiais), DIG (Delegacia de Investigações Gerais) e Seccold (Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro) da Deic (Divisão Especializada em Investigações Criminais) de Araçatuba.
De Clementina ele foi levado para a CPJ (Central de Polícia Judiciária) de Araçatuba e depois encaminhado à cadeia de Penápolis, ainda no domingo. Na manhã desta segunda-feira foi transferido para o Centro de Detenção Provisória de São José do Rio Preto.
Durante o cumprimento dos dois mandados os policiais apreenderam quatro telefones celulares, vários documentos e uma agenda da Santa Casa Saúde com diversas anotações.
Operação
A Operação Raio X foi deflagrada em 29 de setembro do ano passado, na região de Araçatuba, para desmantelar um grupo criminoso especializado em desviar dinheiro destinado à saúde mediante celebração de contratos de gestão entre municípios e Organizações Sociais.
De acordo com o Ministério Público, o grupo teria cometido os crimes de organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e ativa e falsidade ideológica. Na ocasião, pelo menos 50 pessoas foram presas.
Investigação
A investigação, que conta com Inquéritos Policiais instaurados junto às comarcas de Penápolis e Birigui, teve a duração de aproximadamente dois anos, período este em que foi desvendado um gigantesco e sofisticado esquema de corrupção envolvendo agentes públicos e o desvio de milhões de reais em prejuízo da saúde.
Conforme o Ministério Público, a organização era liderada pelo médico Cleudson Garcia Montali, que por meio de suas organizações sociais (Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Birigui e Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Pacaembu), celebrou contratos de gestão mediante licitações fraudulentas com o poder público para administrar a saúde de diversos municípios e desviou parte do dinheiro repassado por força do contrato de gestão às OSs. O grupo, que tinha a participação de políticos, teria desviado R$ 500 milhões que deveriam ter sido investidos em hospitais e no tratamento da Covid-19.
A Operação Raio X também efetuou prisões e buscas em municípios do Estado de São Paulo e dos estados do Pará, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.