O glaucoma é uma doença silenciosa que atinge 2% dos brasileiros acima dos 40 anos (cerca de 1 milhão de pessoas). O risco de desenvolver a doença chega a triplicar após os 70 anos. Os dados são de uma pesquisa do Ibope encomendada pela Sociedade Brasileira do Glaucoma.
Trata-se de uma doença grave, cuja perda irreversível do campo visual é percebida somente em estado avançado, quando pode já haver comprometido entre 40% e 50% da visão. Geralmente assintomática no seu início, leva à perda progressiva da visão. Por isso, é importante realizar periodicamente o check-up oftalmológico, com a realização de exames preventivos.
O Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, comemorado em 26 de maio, foi criado justamente para alertar as pessoas sobre a doença e a importância do diagnóstico precoce. De acordo com The Glaucoma Foundation, no mínimo 90% dos casos não levariam à cegueira se fossem diagnosticados e tratados de forma apropriada.
Fatores de risco
Para o oftalmologista Tiago Caramez, do Hospital do Olho Araçatuba (SP), muitas vezes o glaucoma é confundido com vista cansada. Isso ocorre porque a doença é mais comum após os quarenta anos e as pessoas associam isso a um problema da idade.
“O principal indício do glaucoma é o aumento da pressão dos olhos e o sintoma mais comum é a perda de visão periférica. O paciente começa a perceber uma perda da visão lateral, enxergando somente os objetos que estão a sua frente”, explica Caramez.
O especialista explica que os fatores de risco são: histórico familiar, pressão intraocular elevada, diabetes, uso prolongado de corticoides, presença de lesões oculares, entre outros. Só o diagnóstico precoce pode controlar o glaucoma e evitar a cegueira.
“O glaucoma não tem cura, mas tem tratamento, que é o controle da pressão ocular. Geralmente, isso é feito com o uso de colírios e somente quando não é possível controlar dessa forma, é que se recomenda outros tratamentos, como laser ou cirurgia”, ressalta.
Entenda o glaucoma
O glaucoma é uma doença ocular caracterizada pela lesão das células do nervo óptico, causada por fatores como a pressão ocular aumentada e problemas na microcirculação de sangue e da anatomia da papila óptica, local onde se ajuntam os neurônios visuais que enviam as imagens para o cérebro.
Hipertensos e portadores de diabetes fazem parte do grupo de risco. A hereditariedade também é determinante, pois cerca de 6% das pessoas com glaucoma já tiveram outro caso na família. Trata-se de uma doença assintomática no início.
A perda visual só ocorre em fases mais avançadas e compromete primeiro a visão periférica. Depois, o campo visual vai estreitando progressivamente até transformar-se em visão tubular. Sem tratamento, o paciente fica cego.
O diagnóstico é feito exclusivamente por um oftalmologista que irá medir a pressão intraocular com um tonômetro e as alterações no nervo ótico, perceptíveis no exame de fundo de olho. Outros fatores podem ajudar a confirmar o diagnóstico.
“Por se tratar de uma doença silenciosa na grande maioria dos casos, se torna fundamental a consulta oftalmológica de rotina para a realização do exame de fundo de olho e medição da pressão ocular. Além disso, o cuidado da saúde geral como dieta equilibrada e atividade física regular também é uma importante ferramenta de prevenção”, finaliza o oftalmologista Tiago Caramez.