Um dia após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, ordenar que um novo exame de saúde seja feito no médico Lauro Henrique Fusco Marinho, preso em setembro de 2020 na “Operação Raio-X”, policiais da Deic (Divisão Especializada em Investigações Criminais) cumpriram três mandados de busca e apreensão, na casa do médico, e também na casa e na clínica de um irmão dele.
A ação desta terça-feira (11) foi a 4ª fase da “Operação Raio – X”, destinada ao cumprimento de mandados de busca e apreensão relacionados à investigação sobre a emissão de relatório médico falso em favor do médico Lauro Henrique Fusco Marinho (réu na operação Raio X), que possibilitou a concessão, pelo STF, da conversão da prisão preventiva em prisão domiciliar.
Marinho e o médico Cleudson Garcia Montali estavam presos no Centro de Ressocialização de Araçatuba e foram soltos no dia 16 de abril com base em decisão do Ministro Gilmar Mendes, que acatou os pedidos que tinham como alegação o estado de saúde dos médicos, que não teriam condições de ficarem encarcerados.
A Polícia Civil já havia realizado uma operação que apreendeu documentos na residência de dois médicos e uma clínica e um laboratório em Birigui, e constatou que laudos falsos teriam sido utilizados no pedido de regime domiciliar para Montali. Com o objetivo de fazer a mesma apuração no caso de Marinho, os policiais cumpriram os mandados desta terça-feira.
Em Birigui a ação foi na casa de Marinho e em Araçatuba no apartamento e na clínica do irmão dele. Foram apreendidos telefones celulares dos investigados, computador, documentos médicos e a quantia de R$ 11.560,00 em dinheiro.
Nesta segunda-feira o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou que um novo exame de saúde seja feito no médico Lauro Henrique Fusco Marinho. O despacho desta segunda-feira ocorreu quase um mês depois do STF entender que o acusado poderia deixar o Centro de Ressocialização de Araçatuba para ficar em prisão domiciliar.
A medida foi tomada após a análise de um laudo médico apresentado pela defesa. O também médico Cleudson Montali, apontado pela promotoria como líder da mesma organização criminosa, foi colocado em prisão domiciliar depois que o STF acatou um laudo apresentado pela defesa, que alegava problemas de saúde. Mas, dias depois, investigações da Polícia Civil apontaram que o laudo era falso e ele foi preso no dia 2 de maio, na casa do sogro, em Clementina, e encaminhado para o Centro de Detenção Provisória de São José do Rio Preto.
Meme
Lauro Fusco Marinho virou meme com a frase “Viva México” e uma imagem segurando um drink em uma piscina em uma de suas viagens ao exterior, cujo vídeo foi veiculado no Fantástico na semana em que foi desencadeada a “Operação Raio-X”. Ele também foi alvo de reportagem em rede nacional sobre sua adega, avaliada em mais de R$ 1 milhão.
Operação
A “Operação Raio-X” foi deflagrada em 29 de setembro do ano passado, na região de Araçatuba, para desmantelar um grupo criminoso especializado em desviar dinheiro destinado à saúde mediante celebração de contratos de gestão entre municípios e Organizações Sociais.
De acordo com o Ministério Público, o grupo teria cometido os crimes de organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e ativa e falsidade ideológica. Na ocasião, pelo menos 50 pessoas foram presas.
Investigação
A investigação, que conta com Inquéritos Policiais instaurados junto às comarcas de Penápolis e Birigui, teve a duração de aproximadamente dois anos, período este em que foi desvendado um gigantesco e sofisticado esquema de corrupção envolvendo agentes públicos e o desvio de milhões de reais em prejuízo da saúde.
Conforme o Ministério Público, a organização era liderada pelo médico Cleudson Garcia Montali, que por meio de suas organizações sociais (Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Birigui e Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Pacaembu), celebrou contratos de gestão mediante licitações fraudulentas com o poder público para administrar a saúde de diversos municípios e desviou parte do dinheiro repassado por força do contrato de gestão às OSs. O grupo, que tinha a participação de políticos, teria desviado R$ 500 milhões que deveriam ter sido investidos em hospitais e no tratamento da Covid-19.
A Operação Raio X também efetuou prisões e buscas em municípios do Estado de São Paulo e dos estados do Pará, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.