A Santa Casa de Misericórdia de Penápolis está sofrendo a mesma realidade de diversos hospitais, inclusive da região, com a falta de medicamentos e do kit intubação para garantir a ventilação mecânica de pacientes internados nos leitos da UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Conforme a direção, o estoque de relaxante muscular está baixo e não há previsão de receber novos insumos pelo menos até a próxima segunda-feira (5).
“O estoque dos sedativos, conforme já informado pelos hospitais da região, na melhor previsão, também aqui em Penápolis é de manter até esta sexta-feira (2). Isso porque havíamos comprado uma quantidade razoável em um momento em que quase ninguém estava conseguindo comprar mais”, informou o superintendente da Santa Casa de Penápolis, Roberto Martins Torsiano.
De maneira geral, não há no momento medicação disponível para compra em nenhum lugar do País, em todos os hospitais públicos e privados, devido à requisição administrativa realizada pelo Ministério da Saúde, em que as empresas produtoras da medicação estão proibidas de vender os insumos aos hospitais.
“A realidade da nossa Santa Casa é a mesma das demais. Não estamos numa bolha, não somos uma ilha e vivemos também essa realidade aqui no nosso hospital”, completou Torsiano.
Ainda segundo o superintendente do hospital, a medida adotada pelo órgão federal poderá comprometer, em breve, o atendimento aos pacientes internados e a restringir novos atendimentos. Além da dificuldade de encontrar fornecedores para abastecer os estoques dos hospitais, o preço disparou. De acordo com Torsiano, o problema é que não se tem ofertas das medicações com os distribuidores, ou seja, o mercado não está oferecendo.
“Mesmo tendo aumento os preços astronomicamente, não tem para entregar”, relatou. Nestes últimos dias, as equipes de Farmácia e de Compras estão empenhadas em fazer um mapa de estoque e aquisições, no máximo esforço para ver tudo o que se pode adquirir, mas não estão achando. Ainda conforme Torsiano, não tem distribuidor que se disponha a assumir o compromisso de fornecer.
Para tentar amenizar a crise do desabastecimento dos medicamentos e do kit intubação, a equipe técnica da Santa Casa já colocou em estudos possibilidades de outros medicamentos alternativos para não interromper o atendimento num momento tão crucial da pandemia, mas também estas alternativas estão muito difíceis de serem localizadas.
O setor de compras fecharia, na tarde de quarta-feira (31), o levantamento para a direção da Santa Casa da real situação de fornecimento dos insumos para o tratamento dos pacientes com a Covid-19.
Já estaria sendo preparado um documento a ser encaminhado às autoridades, envolvendo inclusive o apoio da Prefeitura para agir junto ao Governo do Estado e ao Ministério da Saúde para ver se consegue alguma ação política de liberação dos insumos.
“Permanecendo esse quadro, infelizmente, a situação ficará trágica mesmo. Para manter um paciente intubado precisa de sedações, e não tendo a medicação não tem como sustentar isso”, advertiu Torsiano. No fechamento de compras de medicamentos na tarde dessa quarta-feira com a equipe, a cotação para dez dias já soma R$ 240 mil.
Em protesto, o superintendente alerta que esse é um ponto que quase ninguém fala. “Como a indústria farmacêutica e a rede de distribuição tem inflacionado esses produtos, vai chegar mesmo um momento em que não teremos recursos suficientes para as compras diante do grande volume que necessitamos na reposição desses insumos”, ressaltou.
O Ministério da Saúde tem informado que os medicamentos de intubação são enviados para os Estados a partir da disponibilidade de quantitativo das requisições realizadas, respeitando o que estava contratualizado. Diante deste quantitativo, a distribuição é realizada por meio do Consumo Médio Mensal informado pela própria Secretaria de Saúde do Estado ao Conass/Conasems.
Oxigênio
Com relação ao abastecimento de oxigênio, a direção da Santa Casa informou que o fornecedor já encaminhou ofício informando que tudo aquilo que ultrapassar o contrato, que é de 3,5 mil metros cúbicos por mês, em tempos de normalidade isso é mais do que suficiente, ele não vai poder manter o preço contratado que é de R$ 3.
A proposta é de um aumento em 50%, passando para R$ 4,50 o metro cúbico. “Porém, ainda está mantendo o abastecimento enquanto outros fornecedores por aí nem para fornecer estão tendo mais”, destacou Torsiano.
A pandemia do novo coronavírus acarreta um aumento considerável de oxigênio. A direção da Santa Casa apresentou o último levantamento com o pessoal de compras, onde se tem a constatação de que já chega a um consumo médio de 20 mil metros cúbicos/mês.